Tremeliques premonitórios
Esta segunda-feira um jornal diário escreveu, na primeira página, que "corrida a certificados cria pressão sobre reembolso da divida pública em 2033”. Já hoje, terça-feira, numa perspetiva muito mais optimista, igualmente na sua capa, garantia que "ganhos com taxas de juro colocam famílias a poupar”. Isto porque, esclarecia no segundo artigo, “está a compensar investir em depósitos”.
Longe de mim estar para aqui a perorar sobre as intenções destas publicações jornalísticas. Nem ao de leve me ocorre que se pretenda instalar a desconfiança relativamente à capacidade do Estado reembolsar os aforradores que optaram por investir em certificados, levando-os a desviar as poupanças para os bancos. Ná. Até porque, também eu, escrevi num post datado de 23 de Fevereiro de 2023, "Há por enquanto, dinheiro para quase tudo e quase todos. Veremos é se chega para devolver todo o aforro, acrescido dos juros prometidos, investido nos tais certificados. Com a vontade de ir buscar dinheiro a quem o tem, já manifestada em tempos por uma mais que provável futura ministra, começo a desconfiar que, na altura da liquidação da coisa, o dinheiro tenha tido um destino mais solidário, chamemos-lhe assim. Leram primeiro aqui...”
Por mim, que não sou de intrigas, mais do que da capacidade do Estado para – tal como garantiu - devolver o dinheiro de quem poupou, desconfio da vontade política de o fazer se, então, o poder estiver ocupado pela esquerda. Mas aí, se ainda por cá andar, vai ser divertido ver a reação daqueles que defendem o não pagamento da divida quando for o dinheiro deles a arder. Sim, porque acredito que muita dessa malta também deve ter investido em certificados. Aposto que até as perninhas lhes vão tremer...