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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Vistos gold

Kruzes Kanhoto, 18.12.22

Segundo a primeira página de um pasquim os dez mil vistos gold já concedidos apenas terão gerados vinte postos de trabalho. Não sei como chegaram a este número, mas, quase de certeza, de tão poucos que são até deve ter dado para identificar cada trabalhador que conseguiu emprego graças a este programa de atracção de capital.

Claro que estes números suscitaram as mais acaloradas reações dos muitos entendidos que, nas redes sociais ou nas discussões entre amigos, dissertam acerca destas matérias. Uma vergonha, não serviu para nada e há que acabar com este favorecimento aos capitalistas que para cá trazem o seu dinheiro são as reacções da generalidade dos tugas. Gente entendida, reitero, em matéria financeira como a nossa história recente se tem encarregado de demonstrar.

Por mim, como sempre, prefiro os números. De preferências aqueles que, por mais voltas que se lhes dê não se deixam manipular. Os do IMT, no caso. Aquele imposto que o Estado nos saca quando compramos uma casa. Escolho este indicador porque o imobiliário é – parece consensual – o principal sector onde esse dinheiro tem sido investido. Em 2013 a receita deste imposto foi de 382 milhões de euros enquanto no ano passado ultrapassou os 1 286 milhões. Todo este dinheiro - o que entrou nos cofres das autarquias e mais o resultante das vendas - deve ter criado algum emprego e gerado alguma riqueza. Digo eu, que gosto muito de dizer coisas.

Podia, ainda, ironizar acerca da evolução tecnológica que permitiu a reconstrução de inúmeros imóveis nas principais cidades sem recurso a mão de obra. Ou mesmo nas mais pequenas. Mas como nos últimos dois anos tive, em diversas ocasiões, de recorrer a especialistas especializados em construção civil durante largos meses fica-me difícil ironizar acerca do assunto. Se alguém souber um método de recuperar habitações sem intervenção humana que me avise.

Indigência gold

Kruzes Kanhoto, 22.12.20

Foi finalmente aprovado o fim da concessão de vistos Gold para as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto bem como para todas as regiões do litoral. Esteve, neste aspecto, muitíssimo bem o governo. Quem vem de fora que venha para o interior, onde não há gente e falta investimento. Que perto do mar já lá estão mais que muitos. Até porque, dada a dimensão do país, isto é tudo arrabaldes. Mesmo o lugarejo mais longínquo do Alentejo profundo, como gostam de dizer os idiotas da comunicação social lisboeta, não fica a mais de duas horas da Capital ou de qualquer lugar à beira-mar. Daí que, acredito, não será esta limitação a impedir os estrangeiros de continuarem a debandar para este fantástico retângulo.

Mal também não esteve executivo nessa coisa do salário mínimo. O erro não é aumentar o SMN. Errado é deixar os outros na mesma. Hoje as diferenças salariais são ridículas. Quer pelo crescimento do salário mínimo, quer pelo saque fiscal sobre o ordenado de quem está nos patamares seguintes. Apenas a um indigente mental parecerá aceitável que o funcionário da limpeza leve para casa no final do mês praticamente o mesmo que quem lhe processa o ordenado. E se, como acontece muito nas câmaras do norte, ao primeiro arranjarem umas horitas extra – porque, coitadinho, é pobrezinho – então ainda recebe mais do que um técnico superior. Mas isto, lá está, é o que dá serem os indigentes mentais a mandar nisto tudo.