Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Descobriram agora a democracia, coitadinhos...

Kruzes Kanhoto, 25.01.21

Estremoz.jpg

 

Parece que constitui hoje uma espécie de obrigação moral mostrar quanto estamos indignados pela votação obtida por André Ventura no Alentejo. Indignação que, curiosamente ou talvez não, nunca existiu quando um partido estalinista tinha por aqui maiorias arrebatadoras. Ao contrário do que ontem aconteceu com a extrema direita que, para além de Estremoz com 23,32%, obteve os melhores resultados em Elvas (28,76%), Moura (31,41%) e Monforte (31,41%). Votação que, diga-se, a ocorrer em legislativas provavelmente não seria suficiente para eleger deputados.

A este propósito li os maiores impropérios dirigidos aos eleitores alentejanos. Das duas uma. Quem os escreve ou é daqueles negacionistas como os do covid ou é alguém profundamente ignorante que desconhece em absoluto a realidade que se vive por estas paragens. Nem, se calhar, saberá o que têm em comum todos esses concelhos. Também não sou eu que vou gastar os meus dedos a explicar-lhes. Afinal lavar a cabeça a burros sempre foi e continuará a ser gastador de sabão. Continuem a fingir que não vêem o elefante na sala, que não há nenhum problema com “grupos de pessoas” ou, como escreve hoje um colunista do Observador, a preocuparem-se com os fascistas quando o problema são as avestruzes. Depois queixem-se.

Ignorantes das causas fofinhas

Kruzes Kanhoto, 09.01.21

136371178_5171805606193065_6632594749606326409_o.j

 

Combater o Chega e o Ventura parece constituir uma espécie de desígnio nacional. Não me parece mal. Cada um combate o que quiser e defende as causas que muito bem lhe aprouver. O mesmo não digo da comunicação social. Esta apenas deve informar e deixar isso das causas e dos desígnios para a sociedade.

O que lamento neste combate é a ignorância, ou a má-fé noutros casos, da esmagadora maioria dos combatentes. Toda esta gente ainda não percebeu que não adianta desmascarar as trafulhices que André Ventura tenha, alegadamente, feito ou possa vir a fazer. Podem dizer o que quiserem, passar as reportagens que entenderem ou relatar as passagens mais escabrosas da vida da criatura. Não adianta. Pelo contrário, mais força lhe dão.

Esta gente não percebe o fenómeno. Nem, pior, o quer perceber. Insiste, antes, em dizer que não existe ou, a existir, não tem relevância nenhuma. Para o entender talvez tenham de vir ao Alentejo. Mas não aquele das revistas, dos restaurantes da moda, adegas, praias fluviais ou dos montes com piscina onde se encerram dias a fio. É preciso falar com as pessoas. As que vão aos supermercados, hospitais ou correios. Podem, até, começar por aquelas que toda a vida votaram no PCP. Vão, de certeza, aprender muito.

Chega de Joacines e "Deus" nos livre de Venturas

Kruzes Kanhoto, 30.01.20

Numa leitura ligeira – tão ligeira quanto o assunto merece – das diversas redes sociais, é fácil concluir que o tema Joacine vs Ventura constitui o assunto do momento. No Twitter e nos blogues a contenda estará, parece-me, mais ou menos empatada. Aparentemente os internautas dividem-se no apoio a um e a outro e comungam, quase todos, nas ofensas aos adversários.

Já no Facebook o Ventura vence por maioria absoluta. Mesmo com a política de bloqueio daquela coisa, que permite a quem é de esquerda escrever as barbaridades que lhe dão na real gana e persegue, segundo a melhor tradição da censura, quem manifesta opiniões fora do actual espectro do politicamente correcto e do marxismo cultural vigente.

Enquanto isso, na rua – a rede social que de facto importa – André Ventura ganha de goleada à criatura de quem o Livre se quer ver livre. Uma sondagem acerca do caso era capaz de dar um resultado parecido com o das eleições no FC do Porto. Quase idêntico, quiçá, ao da eleição de qualquer secretário-geral do PCP, tal é a popularidade das declarações do gajo do Chega.

Não sei se alguém já imaginou um hipotético cenário – esperemos que nunca passe disso – de um parlamento com maioria absoluta de Joacines. Ou de Venturas. Será que mesmo aqueles que se mostram encantados com estas criaturas gostavam de viver num país assim?. Se sim o melhor é marcarem já consulta. No privado, de preferência, que no SNS pode ser demasiado tarde.

Ventura populista

Kruzes Kanhoto, 13.01.20

O patriarca da comunidade cigana de Borba pronunciou-se publicamente, em entrevista a um órgão de comunicação social, acerca dos acontecimentos que envolveram alguns membros daquela comunidade e os bombeiros locais. Entre justificações para o ocorrido e outros lamentos relativamente à forma como a dita comunidade é tratada – ou destratada, na sua opinião – pela restante população e diversas entidades publicas, o cavalheiro refere a certa altura que “vêm os pretos, os chineses, os coreanos, seja lá quem for, dão-lhes todas as condições”.

Só não digo que se tratam de afirmações populistas porque, tal como eu, o homem nem saberá o que é essa cena do populismo. Mas cheira-me aqui a um discurso xenófobo. Daquele próprio de gajos como o André Ventura e que é necessário erradicar da nossa sociedade por constituírem um perigo para a democracia. Vai daí, o facto do dito patriarca e autor destas declarações ser de apelido Ventura pode não ser mera coincidência...