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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Não há cá neutros...

Kruzes Kanhoto, 31.05.22

Nisto da agressão criminosa da Rússia contra a Ucrânia não faltam os especialistas na especialidade. Inclusive os especialistas em neutralidade. Que, diga-se, são os piores. Porque, lá bem no fundo, eles sabem tão bem como nós que isso da neutralidade não passa, neste caso, de mera retórica repleta de hipocrisia. Ou como diria, com as devidas adaptações às circunstâncias, um dos maiores malucos que governou este país, “não há cá neutros, ou se está com a revolução ou se está contra a revolução”. São estes neutros que me deixam confuso. Ora dizem que as sanções da Europa contra a Rússia podem ser consideradas um acto de agressão e conduzir a uma resposta militar dos russos, ora garantem que as ditas sanções até são boas para o país agressor, exultando pelo facto de os cofres do Kremlin estarem a receber valores nunca antes vistos provenientes do comércio com o resto do mundo. Convém que se decidam e nos esclareçam se, na sua douta opinião, as sanções são boas ou más. Não é que as opiniões deles tenham qualquer espécie de relevância. Não passam, afinal, de tentativas falhadas de manipular incautos, mas, ao menos, evitavam fazer figura daquilo que são. Indigentes mentais.

Irritação, precisa-se

Kruzes Kanhoto, 26.05.22

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Calculo que os meus leitores já terão reparado que, de há tempo a esta parte, tenho escrito aqui no Kruzes muito menos do que era habitual. O alivio que lhes tenho proporcionado deve-se, por um lado, à agricultura da crise e, principalmente, aos baixos níveis de irritabilidade de que ando a padecer. Quem me segue com regularidade já terá percebido que a irritação inspira-me. Torna-me os dedos mais leves, digamos assim. Coisa que, ultimamente, não tem acontecido. Apesar de temas capazes de despoletar a minha ira surgirem quase todos os dias, estou com manifesta dificuldade em irritar-me. Oxalá isto passe depressa. É que começo a ficar preocupado. Para que se perceba a dimensão do drama, nem sequer me consigo irritar com aquelas pessoas – e, espantosamente, são muitas - que insistem em chamar palhaço ao presidente da Ucrânia, apesar de terem votado no Marcelo. Sei que é esquisito, mas só me consigo rir. As melhoras a mim, porque essas criaturas são casos clinicamente perdidos.

De "estripanço" percebem eles...

Kruzes Kanhoto, 22.05.22

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Apesar da retórica oficial basta uma rápida passagem de olhos pelas redes sociais para se perceber, relativamente à invasão russa da Ucrânia, de que lado está o partido comunista. Os militantes, simpatizantes, apaniguados ou lá o que sejam, podiam, até para evitar males maiores para aquele já de si minúsculo e irrelevante grupelho, fazer de conta que a leste não se passava nada. Mas não. É-lhes impossível conter a admiração que nutrem pela Rússia, por Putin e por tudo o que os faça recordar os seus tempos de juventude em que sonharam impor em Portugal uma ditadura comunista igual à que foi corrida a pontapé pelos povos daquela zona da Europa. Levam o dia no Facebook a papaguear até à exaustão a propaganda do Kremlin. Aos mais velhos até os compreendo. Coitados. É inútil contrariá-los ou chamá-los à razão. Fazê-lo só piora as coisas. Já a minha avó me avisava para nunca contrariar nem um bêbado nem um maluco. Mas também há comunistas mais ou menos jovens a defender a causa putinista. Gente inteligente, culta e geralmente bem informada acerca de tudo o que envolve esta guerra. Sabem tanto, mas tanto, que mesmo qualquer criatura, natural ou que sempre tenha vivido naqueles países, é considerado um perfeito ignorante se, como acontece quase sempre, manifestar o seu repúdio pelas opções politico-militares russas. Consideram-se, cheios de convicção, gente de outra estirpe. Quanto a isso estamos de acordo.

Ou há moralidade...ou invadem todos!

Kruzes Kanhoto, 05.05.22

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Segundo Lula da Silva, essa espécie de ídolo dos comunistas de várias origens, “Zelensky é tão responsável pela guerra na Ucrânia como Putin”. Visto assim parece uma posição moderada. Não falta gente a considerar o presidente ucraniano muito mais culpado e, até, o único culpado pela invasão russa a um país soberano.

Esta posição sobre o conflito suscita, nas redes sociais, um sentimento de concordância por parte de um vasto número de comentadores e seguidores da criatura. Se um meliante lhes entrar em casa, roubar tudo e arrefinfar uma valente carga de porrada podemos repartir as culpas, certo? É só para saber se posso enveredar pelo mundo do crime sem que isso me traga problemas de índole moral...

"Foi só para ter a certeza..."

Kruzes Kanhoto, 20.03.22

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Pouco percebo de estratégia militar. Quando, à força e bastante contrariado, prestei serviço militar na área das Transmissões nada me ensinaram acerca dessas cenas. Nem era preciso. O meu papel, se tivesse havido guerra, era apenas transmitir.

Deve ser por isso que me escapa a lógica de gastar um dinheirão a bombardear um cemitério. Sim, que guerrear sai caro e as bombas estão pela hora da morte. A não ser que aquilo constituísse um alvo estratégico da mais alta importância militar. Isto nunca se sabe o que os mortos andam a congeminar pelo que, na lógica daquelas bestas, o melhor é não facilitar.

Presumo que o partido comunista português, essa organização que há muito devia ter sido proibida, tenha uma explicação extremamente clarividente para justificar mais este acto criminoso. Nem que seja lembrar que um qualquer país ocidental já fez o mesmo, por diversas vezes nos últimos trezentos anos, num lugar qualquer para lá do sol posto.

Vigaristas

Kruzes Kanhoto, 16.03.22

Anda muito boa gente - boa, obviamente, é apenas uma maneira de dizer. Alguma não é tão boa assim - a lamentar que a disponibilidade da Europa, governos e cidadãos, para acolher os migrantes asiáticos e africanos que se esfalfam para chegar aos países da UE, não seja a mesma que evidenciam para acolher ucranianos fugidos da guerra. Não percebo o espanto por acolhermos melhor estes últimos. É da natureza humana manifestar primeiro preocupação com os nossos - família, amigos, vizinhos, conhecidos ou outros com quem temos afinidades - do que com outros que não conhecemos de lado nenhum. O mesmo acontece quando, ao contrário, pedimos ajuda. É por isso, por a natureza humana ser mesmo assim, que quando precisamos de dinheiro emprestado - ou outra coisa qualquer de que necessitemos - seguimos a ordem acima indicada. Ninguém, acho eu, vai pedir cem paus emprestados um tipo que nunca viu na vida. A menos que seja um vigarista no exercicio da sua actividade de vigarizar o próximo. Ou seja, o mesmo que essa malta pretende fazer connosco quando coloca aquelas frases fofinhas sobre a pouca solidariedade que manifestamos relativamente a gente de outras origens. 

Diz-me como falas, dir-te-ei quem és...

Kruzes Kanhoto, 09.03.22

Se há coisa que me aborrece, incomoda e faz ferver – tudo em simultâneo – é a chamada linguagem politicamente correcta, inclusiva, neutra, imparcial ou lá o que é. Agora essa forma de falar própria de imbecis aplica-se também à comunicação sobre a guerra. Ao que parece a ONU terá proibido – sim, proibido – os seus funcionários de se referirem à situação na Ucrânia como ‘invasão’ ou ‘guerra’. Ao invés, os funcionários da ONU foram instruídos para usar os termos ‘conflito’ ou ‘ofensiva militar’ para descrever a invasão da Ucrânia por parte da Rússia. Ao que li, também os especialistas na especialidade de educar criancinhas terão recomendado aos pais – se calhar o linguajar moderno recomenda escrever pessoa que educa, para não ofender ninguém – que usem as mesmas expressões para informar os petizes acerca do que está acontecer. Por mim poupava trabalho a esta gente toda. Diziam logo que a culpa é da Nato, da União Europeia, dos EUA e ficava o assunto arrumado. Nada como falar claro e dizer logo ao que vêm. 

Decidam-se lá com isso dos refugiados...

Kruzes Kanhoto, 05.03.22

Já cá faltavam os choramingas. Primeiro queixavam-se da maneira como a Europa recebe - ou recusa receber, no caso de alguns países - os migrantes económicos oriundos de África, os refugiados da Síria e todos os outros que, aproveitando a boleia dos que fugiam à guerra naquele país, têm tentado entrar no espaço europeu. Agora - ainda há pouco estava um desses patetas na televisão - queixam-se que escancarámos as portas às vitimas do javardo Putin. Não há quem os entenda. Ou melhor, há. Percebe-se, até, muito bem o problema deles. Os primeiros serão, sobretudo, dependentes do estado social, pobres e potencialmente recrutáveis para as causas que aquela malta precisa para viver. Os segundos, os que agora chegam da Ucrânia são, no essencial, gente com vontade de trabalhar e, principalmente, que está “vacinada” contra os vírus esquerdalho-comunóides que ainda sobrevivem por cá.

Por mim, os que comam uma bela de uma bifana e bebam uma cervejola, são todos bem-vindos. Os restantes que desamparem a loja. E levem os tais vírus, de preferência.

Discriminação em tempo de guerra

Kruzes Kanhoto, 02.03.22

Se, reitero, nesta guerra da Rússia contra a Ucrânia a posição do pcp - propositadamente em minúsculas por ser um partido pequenino, composto por gente igualmente pequenina - em nada me surpreendeu, o mesmo não posso dizer de outras posições e de alguns silêncios. O mais ruidoso de todos é o do movimento feminista. Perante a mobilização geral dos homens entre os dezoito e os sessenta anos para combater o invasor, o movimento feminista disse nada. Já não digo que se despissem em protesto contra este gesto discriminatório do governo ucraniano. Está frio e ainda se podiam constipar. Nem, sequer, precisavam de queimar os soutiens. Mas, ainda que não servisse de nada, podiam ter tido uma tomada de posição qualquer contra esta medida sexista, reveladora de uma profunda misoginia e que visa perpetuar o papel secundário da mulher na sociedade. Ou lá como é que elas - as feministas - dizem quando lhes dá jeito. Não estou com isto - obviamente - a criticar as mulheres ucranianas. São nestes dias, por tudo e mais alguma coisa, verdadeiras heroínas. Quem fica mal na “fotografia” são as “feminazis” ocidentais. Falam, falam... e quando têm oportunidade não chutam à baliza.

Outro silêncio que me anda a deixar curioso é o do “socialista” Pedro Nuno Santos. Não é que me interesse muito o que o sujeito pensa ou deixa de pensar sobre este assunto ou sobre outra coisa qualquer. É só para comparar com a posição do pcp.

Não há cá "ses" nem "mas".

Kruzes Kanhoto, 28.02.22

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Tenho seguido, com óbvia inquietação, aquela coisa da invasão da Ucrânia pelas tropas russas. O meu nível de conhecimento de estratégia militar anda próximo do zero mas, ainda assim, parece-me que aquilo está a correr mal para o fascista maluco - passe a repetição - do Putin. Ou, pelo menos, não estará a ser o passeio na avenida que toda a gente perspetivava. Mais cedo do que tarde a tropa russa acabará por impor a sua força mas, a julgar por alguns números que vão sendo divulgados, com um número de baixas absolutamente impensável até há poucas semanas. Mesmo que, descontando a propaganda e a contra-informação, os mortos sejam “apenas” um quinto do que se tem dito e escrito isso constituirá uma tragédia inimaginável para as famílias russas. Uma morte, mais ainda de um jovem, é sempre um drama. Naquelas circunstâncias morrer por coisa nenhuma, numa valeta de uma qualquer estrada ucraniana, para além de dramático não traz honra nem glória a ninguém. Diz, isso sim, muito acerca da honra de quem os mandou para lá. E, já agora, de quem o apoia. Lá e cá.