E as crianças nómadas? São menos que as outras?
Um silêncio ensurdecedor este que se ouve acerca da série de reportagens "mães interrompidas", emitidas pela TVI, onde se aborda a retirada de crianças às mães. Ninguém se pronuncia, as redes sociais não se incendeiam e até o Presidente da República continua calado.
Desta temática sei apenas, felizmente, o que ouço dizer. E o que se ouve – antes, ainda, da TVI dedicar algum tempo ao assunto – não é nada abonatório. Pelo contrário. Mas, admito, pode até estar a ser cometida uma enorme injustiça relativamente aos que trabalham na área. Porque, convenhamos, é absolutamente normal que qualquer técnica recomende o uso de roupas e calçado adequado, critique as mães que não sabem fazer uma sopa, defenda que uma criança deve ter um quarto só para si – de preferência com televisão - e que deve viver numa casa com todas as condições.
Mas acho, também, que todas as crianças são iguais. Parece-me, portanto, inadmissível que apenas a algumas seja concedido o privilégio de ingressar numa instituição. Enquanto existirem, no Alentejo por exemplo, crianças nómadas, sem nenhuma das condições de habitação que consideramos minimamente aceitáveis, não se pode considerar que as pessoas ligadas a esta área de intervenção social estão a fazer bem o seu trabalho. É que estas crianças, lá por pertencerem a uma minoria, não têm menos direito à institucionalização do que as outras.