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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Linhas tortas

Kruzes Kanhoto, 12.01.21

Um destes dias um articulista do “Diário de Noticias”, um jornal centenário e considerado uma referencia do jornalismo, publicou um artigo onde aconselhava o ainda presidente dos Estados Unidos a suicidar-se. Publicação que, presumo face à ausência de reacção por parte dos indignados do costume, se enquadra no âmbito do direito de opinião, da liberdade de expressão e que não configura aquilo que agora se chama discurso de ódio.

Seria bom – digo eu, não sei – que alguém, nomeadamente os que andam sempre preocupados com estas coisas, se pronunciasse sobre o assunto. Afinal se temos comissões, comités, observatórios, institutos e não sei mais o quê destinados a prevenir e combater a difusão do ódio, parece-me uma boa altura para se pronunciarem. Não quero, longe de mim tal ideia, que multem o homem. Gostava era que alguém esclarecesse se aconselhar o suicídio a outro, independentemente do visado ler ou seguir o conselho, constitui ou não discurso de ódio. Quiçá, até, fosse elaborada uma lista das pessoas a quem podemos publicamente desejar o falecimento ou sugerir que, eles próprios, tratem de falecer. Não é por nada que eu não sou dessas coisas mas, como dizia a minha avó, sempre gostei de saber as linhas com que me coso...

Em cada português há um especialista em politica americana

Kruzes Kanhoto, 22.10.20

O tema “Trump” aborrece-me particularmente. Admito, no entanto, que os meus compatriotas – gente muito mais informada e entendida na política dos States do que eu – apreciem a bastante o diluvio de noticias que a comunicação social trás diariamente até nós. A mim não me interessam. Mudo sistematicamente de canal assim que ouço o nome ou vejo as trombas da criatura. Sou gajo que gosta de ouvir umas piadolas e o figurão presta-se a isso. Mas, não sei se é só a mim que acontece, uma piada pode ou não ter graça dependendo de quem a conta e eu não me consigo rir das anedotas que os órgãos de informação fazem acerca do fulano. Daí já nem ter paciência para as ouvir.

Há, depois, o factor desilusão. A presidência do cavalheiro é uma decepção absoluta. Ainda me lembro de garantirem, na anterior campanha eleitoral americana, que a eleição do Trump constituía uma ameaça à paz no mundo. Iam ser guerras até mais não, juravam os entendidos. Quase toda a gente, afinal. Vai-se a ver e nada. É que nem uma escaramuça. Desta vez já me passou por baixo dos olhos uma parangona qualquer a afiançar que vai ser a democracia. Diz que acaba, se o Trump for reeleito. Muitos, inclusivamente por cá, são capazes de acreditar. Se calhar os mesmo que preferem o Xi Jinping.

Defender uma ditadura não constitui uma espécie de crime?

Kruzes Kanhoto, 11.10.20

Parece que um deputado do actual partido socialista, quando questionado se preferia Trump ou Xi Jinping – o presidente da China, terá optado por escolher o último. No presente contexto não me surpreende que muita gente dentro daquele partido nutra uma especial simpatia por ditadores. Daqueles sanguinários, como é o caso. Até porque não falta por aí, no PS e fora dele, quem ache preferível uma ditadura de esquerda a uma democracia de direita. Não é surpreendente, mas é preocupante. Principalmente pelo facto destas ideias ocorrerem a pessoas que ocupam cargos públicos, militam num partido que passa mais anos no poder do que fora dele e, pior, podem até chegar aos lugares mais altos da governação do país. Como este deputado que, recorde-se, será candidato a presidente dos jotinhas socialistas.

O que já nem espanta é a falta de indignação geral perante esta declaração. Nem digo que demitissem o homem ou, como fizeram com aquele alarve dos ovários, gastassem horas a malhar na criatura. Mas, sei lá, umas piadolas ou meia-dúzia de reacções mais ou menos encolerizadas era o mínimo que estava à espera. Porque, se calhar, condenar esta declaração num telejornal ou gozar com o rapazola num programa de humor de domingo à noite é capaz de ser expectativa a mais. Embora a verdadeira anedota seja um povo que tem um governo apoiado por um partido que tem dúvidas se a Coreia do Norte é ou não uma democracia e é governado por outro com gente que entre a democracia americana e a ditadura chinesa não hesita em escolher a segunda. 

Resistir ao saque fiscal

Kruzes Kanhoto, 04.10.20

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A maioria dos portugueses – de entre os que pagam, naturalmente - não tem a mais parva ideia dos impostos a que estão sujeitos nem, sequer, a consciência do rombo – e do roubo – que isso constitui para os seus rendimentos. Alguns, infelizmente não tão poucos quanto isso, têm ainda a sensação que na data em que o fisco devolve o IRS retido em excesso lhes está a ser dada alguma coisa. Uma ignorância que dá muito jeito a quem está no poder e ajuda a não colocar o tema do esbulho triburário de que somos vitimas na ordem do dia. Embora, reconheço, o Trump e outros assuntos como o racismo, a extrema-direita ou cães sejam temas muito mais importantes e muito mais merecedores de atenção do que a nossa carteira...

Apesar dos sucessivos ataques aos contribuintes, ainda é possível minorar ligeiramente os danos do brutal saque fiscal. E esta, agora que estamos a três meses do final do ano, é a altura certa para preparar a defesa. Fazer contas é o segredo. O primeiro passo será revisitar a declaração do ano anterior – disponível no portal da AT – e simular com os dados do ano corrente. Depois tomar decisões. Por exemplo constituir um PPR. Dependendo das circunstâncias, com uma aplicação de três a quatro mil euros pode obter-se uma poupança fiscal entre seiscentos a oitocentos euros por casal. É dinheiro. No bolso do contribuinte, que é o sitio certo para ele estar.

Só ralações

Kruzes Kanhoto, 20.09.20

A agenda da comunicação social é notável. Demonstra que quem está nas redacções conhece o país como a pele das suas costas, que era uma expressão muito usada pela minha avó para evitar chamar ignorante a alguém. Desde ontem que a morte de uma juíza velhota lá do States não sai da ordem do dia dos telejornais. Realmente os portugueses só querem mesmo é saber se a criatura vai ser substituída antes ou depois das eleições para presidente da América. Por mim falo, estou raladinho de todo com isso. Tanto que esta noite quase não preguei olho, a matutar no assunto. E não sou só eu. Hoje na rua não se falava noutra coisa. Na padaria, as duas pessoas que a lotação permite tinham ideias antagónicas. Uma achava que sim, era de substituir já – que isto é como na bola, acrescentava – e a outra indignava-se com essa possibilidade – mais uma patifaria do Trump, esse malandro. Também quando registei o Placard do dia, esse era o assunto dominante. Alguns até faziam apostas sobre o caso.

Entretanto, cá pelo país, vão acontecendo coisas para além do covid. Acho eu.

Dantes chamava-se censura. Exame prévio, ou lá o que era...

Kruzes Kanhoto, 29.05.20

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Em nome do combate às noticias falsas, da defesa da democracia e do que mais calha têm sido muitos os cartilheiros, maioritariamente de esquerda que pululam pelos meios de comunicação social, a insurgirem-se pela falta de controlo das redes sociais. A liberdade de expressão é muito bonita mas cada um escrever o que pensa, nomeadamente quando não concordamos, é uma chatice. Mata os regimes democráticos, dizem. Parece que até alimenta monstros que todos gostaríamos estivessem definitivamente enterrados, também já ouvi dizer.

Donald Trump, na sequência de uma birra com o Twitter, acaba de assinar um decreto que permite às agências federais norte-americanas regularem o conteúdo publicado em plataformas das redes sociais. Em defesa da liberdade de expressão, conforme garantiu. Não espero que os notáveis comentadores das nossas televisões venham a público manifestar o seu entusiasmo por esta iniciativa. Hão-de arranjar um argumento qualquer para se contradizerem. Já estamos habituados a isso. Afinal, como sempre escrevi, a diferença entre eles e Donald Trump é muito pouca. Está apenas no poder, no dinheiro e, concedo relativamente a alguns, na educação. No resto são iguais. 

Calosidades populistas

Kruzes Kanhoto, 26.05.20

Tenho pouco apreço por populistas. Detesto, igualmente, práticas discriminatórias. Mesmo quando esta manigância da discriminação é praticada em relação aos populistas. Por estas e por outras, de tanto manejar o comando para mudar de canal televisivo, estou prestes a ficar com o polegar mais calejado do que o cú de um macaco velho. Aquilo não se aguenta. Populistas como Trump, Bolsonaro e Marcelo dominam os noticiários. Nenhum deles pode largar um peido sem que as televisões gastem incontáveis minutos a analisar o traque. Concluindo, inevitavelmente, pelo odor insuportável dos primeiros e o aroma refrescante do último.

Também a procura de noticias provenientes de outras paragens está a contribuir para a dita calosidade. Não é por nada em especial, mas tenho alguma curiosidade em saber como está aquilo na Bélgica. Onde, diz, a mortalidade devido ao covid, por milhão de habitante, bate todos os recordes e, ao contrário do que dos querem fazer crer, supera largamente os EUA e Brasil juntos. Tal como me sinto levemente curioso em relação a Espanha. Que, embora não pareça, é aqui mesmo ao lado e não do outro lado do mar. Até porque, parece, há cada vez mais gente com vontade de ver o governo socialista/comunista pelas costas. A menos que os detentores da verdade que interessa tenham decretado que tudo isso não passa de fakenews.

Deve ser aquela cena do multiculturalismo, ou lá o que é...

Kruzes Kanhoto, 04.04.19

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Não falta gente a esganiçar-se e a rasgar as vestes de indignação perante qualquer declaração de Trump, de Bolsonaro ou dos respetivos acólitos quando em causa estão as referências às mulheres ou às chamadas minorias. Nomeadamente, no âmbito das minorias, aos homossexuais. Ainda que, em muitas circunstâncias, as declarações de ambas as personagens acerca destes assuntos não passem de patetices.

Curiosamente, ou talvez não, as novas punições anunciadas no Brunei, que incluem apedrejamento até à morte para mulheres adulteras e gays, não causam o mesmo nível de irritabilidade. Militantes de causas parvas, gente que faz cenas esquisitas com as partes pudibundas e esquerda em geral, não parecem particularmente aborrecidos. Nos sites destes cavalheiros o destaque vai, no Esquerda.net, para a preocupação por uns quantos italianos pretenderem chegar a roupa ao pelo a setenta ciganos. No “Avante” revoltam-se por os israelitas continuarem a malhar nos palestinianos. Outros, diga-se, que também não apreciam mulheres que praticam o adultério e costumam untar as molas aos marmanjos com tendências desviantes.

E é assim que funciona a indignaçãozinha por cá. Sempre selectiva.

Em Riade ou Teerão é que tinha piada...

Kruzes Kanhoto, 21.01.19

Parece que umas quantas malucas aproveitaram o bom tempo para organizar uma manifestação contra o Trump. Nada de mais. Podia dar-lhes para pior. Mas não precisavam muitas das “activistas”, sendo americanas, trajar à muçulmana. Se fosse num corso carnavalesco ainda vá, agora num evento destinado a protestar contra a maneira como o Presidente norte-americano trata as mulheres, parece um bocado parvo. Ainda assim, ou talvez por isso, a comunicação social deu ampla cobertura ao evento. O que não admira, afinal são estas coisas que lhes preenche a alma e ocupa a agenda. Mesmo que a única mensagem razoável que se podia vislumbrar nos cartazes fosse o apelo ao fim dos impostos sobre os tampões.

E dos migrantes que o Trump não quer, não trazemos nenhum?!

Kruzes Kanhoto, 19.11.18

Os migrantes latino-americanos organizados em caravana que pretendem entrar nos States já começaram a chegar à fronteira. Estão, lamentavelmente, a ser mal recebidos. Pelos mexicanos, pasme-se. Que pelos americanos não seria de espantar. O que, também, constitui um enorme espanto é eles não terem optado por se dirigirem aos paraísos da região. Com a Venezuela, a Nicarágua e Cuba ali mesmo à mão não se percebe a opção pelo Estados Unidos, terra do capitalismo mais vil e mais selvagem, onde serão explorados e oprimidos pelo patronado mais reaccionário. Com o sol a brilhar nas terras dos amanhãs que cantam não se compreende esta demanda pelas trevas, pelo obscurantismo e onde, caso consigam entrar, lhes está reservado o mais negro e triste futuro. 

Trump não terá, provavelmente, o bom senso de deixar entrar toda esta gente América dentro. Faz mal. Mas, dada a vontade de acolher refugiados, isso pode constituir uma oportunidade para o Costa da Geringonça. O homem está desesperado – com alguma razão, diga-se – para aumentar a população cá do retângulo e aquela malta, por todas as razões, são dos que interessam. Bem que pode mandar os sequazes das ONG´s ir lá buscá-los. Se não o fizer e continuar a insistir em trazer sempre dos mesmos, ainda sou gajo para pensar que existe nessa coisa do acolhimento uma certa discriminaçãozinha...