Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Uma questão gastronómica

Kruzes Kanhoto, 30.09.16

5792fd55f42407dee76279ee56b3ae2b.jpg

“Comia-te toda” terá sido o piropo que motivou a ira de uma cidadã ao ponto de levar o caso à justiça. Que, numa atitude ajuizada de quem assim decidiu, entendeu não haver na manifestação daquela intenção qualquer indício de crime. Apenas má educação, concluiu o meritíssimo juiz que analisou o caso.

De facto o autor do piropo não dará grande uso às boas maneiras. Nem à gentileza. Atrever-me-ia, até, a dizer que a criatura nasceu num dia em que a educação gozava férias. Podia, em lugar daquela grosseria, ter declarado perante a senhora a vontade de a degustar integralmente. Teria sido mais simpático. Ou mesmo de a depenicar, vá. Mas não. Quis ser garganeiro. O que, quando muito, pode configurar aquilo do pecado da gula.

E é nisto que se entretêm as instituições e os servidores do Estado. Desde os deputados que propuseram e aprovaram esta lei aberrante aos magistrados que a têm de apreciar. Passando pelos incontáveis intervenientes que um processo desta natureza envolve. Depois admiram-se que se diga que existem funcionários públicos em excesso...

 

E assobiar?! Pode-se ou também dá choça?

Kruzes Kanhoto, 28.12.15

Como já tenho idade para ter juízo – daqui a pouco até para deixar de o ter – não me parece que corra o risco de ir malhar com os costados à cadeia por causa de algum piropo inapropriado. Digamos que não é assunto que integre a minha lista de preocupações imediatas. O que me apoquenta é o caminho que estamos a percorrer. Da ditadura do politicamente correcto e da imposição do pensamento único, parece estarmos agora a acelerar o passo em direcção a uma ditadura mesmo a sério. Temo que um destes dias seja criada uma espécie de policia do comportamento. Ainda que disfarçada de entidade reguladora. É que isto as proibições não devem ficar por aqui. Ou muito me engano seguir-se à criminalização da piscadela de olho. E do clássio assobio, por que não. Ambos perigosas e ultrajantes formas de assédio, como todos sabemos. Noutro âmbito, também não tardará a penalização do peido e do arroto. Ou, quiçá, da bufa. Nem que seja com uma coima.

Governo fantoche e deputados “faztudos”

Kruzes Kanhoto, 05.12.15

transferir.jpg

 

Contrariando aquelas teses populistas que asseguram ser os deputados pessoas pouco dadas ao trabalho, temos agora, que me lembre pela primeira vez vez, um parlamento disposto a trabalhar. Até demais, a julgar pela amostra dos primeiros dias. Trabalham por eles e pelo governo. Preparam-se para legislar acerca de tudo e de todos. Como se não houvesse amanhã. Está tudo previsto. Desde os temas fracturantes às nacionalizações. Do fim dos exames à proibição das praxes. Deverá seguir-se, quiçá, a criminalização do piropo. Ou, com a obsessão que este gente tem com as bichas, a fixação administrativa de preços dos bens de consumo.

Bem visto bem visto nem precisávamos de governo. A Assembleia da Republica faz-tudo. E é isso, mais ainda que as maluquices do ilegítimo, que me faz temer o futuro. Daqueles “faztudos” qualquer coisa se pode esperar.