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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Iluminações de Natal

Kruzes Kanhoto, 08.12.21

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O país está outra vez cheio de luzinhas de Natal. Não é que ache mal. Antes pelo contrário. Acho até uma coisa catita. Só não sei é se vale a pena. Nomeadamente numa altura em que tanto se fala, escreve e protesta contra o preço da eletricidade e se reclama dos recursos usados para a produzir. Depois há, também, a questão da desertificação dos centros urbanos - onde todas essas luzes são colocadas – e que na esmagadora maioria das localidades são zonas praticamente desertas durante quase todo o tempo em que a iluminação está ligada. Já é tempo de alguém inventar um sistema em que aquela parafernália de lâmpadas só acende quando alguém for a passar. Poupava-se uma fortuna. 

Desconstruir o que calhar...

Kruzes Kanhoto, 27.10.19

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Tirando aqueles anos em que veio cá alguém colocar ordem nisto, não há terra nem terriola que não ornamente as suas ruas, praças e becos onde não mora ninguém nem há comércio, com as tradicionais iluminações de Natal. Não é que ache mal. Pelo contrário, desde que não haja exageros parece-me até muito bem.

Mas, olhando para o rumo que as coisas levam, deve ser tradição para ter os dias contados. Proibir o gasto de dinheiro público a assinalar a festa de uma religião, que conta com cada vez mais inimigos nos centros de decisão, calculo que venha, mais cedo do que tarde, a constituir uma causa fraturante para uns quantos desvairados. Daqueles que gostam de desconstruir, ou lá o que chamam às suas maluqueiras.

Brutamontes

Kruzes Kanhoto, 23.12.18

Esta época natalícia é dada a exageros. Nomeadamente no âmbito do consumismo. O que, por estes dias, faz de uma ida ao supermercado, nem que seja só para ir comprar um item em falta na despensa, um acto quase heroico revelador de uma coragem inaudita. Mesmo nestas paragens desertificadas são hordas de gente por todo o lado a encher carrinhos de compras – com morfes, muitos morfes - como se não houvesse amanhã ou a transformação de Portugal num gloriosa republica socialista estivesse por horas. O que, apesar da quadra, não deixa de ser estranho dado que as famílias são cada vez mais pequenas. Andamos a comer que nem uns alarves, parece-me licito concluir.

"Piruns" à roda do monte...

Kruzes Kanhoto, 12.09.18

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Se há coisa que aprecio no meu bairro é aquela sensação de morar no campo e simultaneamente na cidade. Ainda que nesta urbe, pequena e quase desabitada, a diferença entre a vida campestre e a urbana não seja tão evidente como noutras localidades mais cosmopolitas.  Mas gosto assim. Tenho a mania de lhe chamar qualidade de vida e isso. Tal como me apraz encontrar, logo de manhã enquanto faço a caminhada até ao trabalho, os principais protagonistas gastronómicos da ceia de Natal. Não é para qualquer um. 

O Maduro que estique o pernil

Kruzes Kanhoto, 28.12.17

Uma vergonha – ou pior, até – essa cena de boicotar o Natal dos outros. Não se faz. Como o camarada Maduro não se cansa de salientar, trata-se de mais um infame ataque, por parte do grande capital e das forças imperialistas, à revolução bolivariana e ao povo venezuelano. Não bastava destruírem toneladas de comida e medicamentos, só para chatear o povo e deixar mal vistos os lideres revolucionários, agora os fascistas ainda têm o descaramento de perseguir os navios gigantes que iam para a Venezuela atafulhados de pernil. Tudo, ao que se sabe, por causa de uns trocos miseráveis. E do lucro. E da ganância. E de mais umas quantas cenas capitalistas que agora não me ocorrem. 

Pena que ao camarada Maduro não lhe tenha dado para esticar o pernil. Refiro-me, obviamente, ao stock que ainda possa existir no país e que ele, assim tipo aquele truque da multiplicação dos pães ou lá o que era, tratasse de multiplicar por muitos. 

Nisto só duas coisas me surpreendem. A fraca indignação que o assunto suscitou e a ausência de um movimento de solidariedade para ofertar pernil aos venezuelanos. Os profissionais da indignação e dos movimentos solidários devem estar ocupados com outra indignação e com outra desgraça qualquer.

 

Todos os ajuntamentos são criticáveis, mas alguns são mais criticáveis que outros...

Kruzes Kanhoto, 24.12.17

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(Imagem obtida na internet) 

Acho alguma piada às criticas fáceis ao denominado consumismo desenfreado que se verifica nesta época do ano e que por norma são documentadas por fotografias de superfícies comerciais a abarrotar de gente. A comunicação social e as redes sociais em geral, por estes dias, repetem-nas sem parar. É lá com eles. Ou com quem define a linha editorial e determina aquilo com que nos devemos indignar. Pena que, pelo menos de vez em quanto, não mostrem imagens do Metro de Lisboa. Mas percebe-se que não o façam. Criticar um serviço concessionado ao Partido Comunista é capaz de não ser, nos tempos que vivemos, muito popular.

O cone

Kruzes Kanhoto, 16.12.17

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Se eu fosse um gajo com queda para a dissertação desatava para aqui a tecer considerandos acerca da época natalícia. Mas não tenho esses dotes. Nem, a bem dizer, dissertar seja coisa que me apeteça por aí além. Fico-me pelo cone. Que, sem se saber ao certo como nem porquê, se tornou no mais recente símbolo de Natal. Deve ser para não ofender os amigos dos pinheiros, ou isso. Mas, seja lá qual for o motivo, agora todas as terras têm um. Nós, por cá, também. E está janota, o sacana do cone.

E do politicamente correcto, quem nos protege?!

Kruzes Kanhoto, 28.11.17

Parece que em algumas cidades, nas zonas onde se aguarda uma elevada concentração de pessoas por ocasião da quadra natalícia, estarão a ser colocadas protecções contra os automóveis assassinos. Pois, isso mesmo. Automóveis assassinos.

Talvez por não ser um grande conhecedor do mundo motorizado, desconhecia em absoluto a existência de veículos com vontade própria. E logo com vontade de matar, os patifes. Boa ideia essa de colocar as tais protecções. Nada como estar atento e trocar as voltas a essas máquinas diabólicas que nos querem limpar o sebo.

Ainda não consegui confirmar se estarão igualmente a ser tomadas algumas medidas contra aquelas facas com a mania de perfurar pessoas. Diz que existem muitas com essa tendência. Também já ouvi falar de alguns machados, quiçá motivados pelo aborrecimento derivado do pouco uso nas funções para que foram fabricados, que se resolveram atirar contra quem lhes apareceu à frente. Espero que, nisso da proteção natalícia, não fiquem esquecidos. Esses e outros objectos que, de repente, nos passaram a odiar. Façamos votos para que as tais protecções não se juntem ao clube e não fiquem, também elas, com vontade de nos matar.

E do Pai Natal, ninguém reclama?!

Kruzes Kanhoto, 19.11.17

Agora que está quase a chegar mais uma quadra natalícia, é com manifesta expectativa e uma mal disfarçada ansiedade que aguardo pela nova causa fraturante do Bloco de esquerda e de outras forças minoritárias na sociedade mas amplamente dominantes no âmbito do mediatismo. Já me tarda uma campanha contra o Pai Natal. Não espero – e daí não digo nada - que desatem à porrada aos desempregados gordos com vestimenta vermelha e longa barba branca que, por estes dias, vão andar um pouco por todo o lado. Mas, tirando a parte da pancadaria, começo a achar estranha a ausência de uma campanha dirigida às criancinhas a esclarece-las que o Pai Natal não existe e que o anafado de vermelho é apenas mais um símbolo da sociedade capitalista, opressora e estereotipada de que urge libertá-las. Nem sei porque esperam, essas inteligências de perú. E por falar em perú, que tal outra campanha para salvar os perús deste planeta? É pá, vá lá, não me desiludam...

Cara comida para estudante...é coisa do passado.

Kruzes Kanhoto, 14.11.17

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Uma das últimas indignações deste país de indignados teve a ver com as refeições servidas nas escolas e nas cadeias. Fraca qualidade, pouca quantidade e ingredientes indesejáveis reveladores de falta de higiene, foram os motivos que mais indignaram os profissionais da indignação. E são muitos, diga-se. Tantos que, seja na comunicação social ou no Facecoiso, conseguem ditar a agenda política. Mas isso, agora, não vem ao caso. O que vem ao caso é a desatenção, a ligeireza e a hipocrisia com que toda essa malta olha para estas coisas. E para outras, também.

Podiam, por exemplo, fazer a comparação entre o preço das refeições dos alunos e o das refeições servidas nas festas para os idosos. Podiam até, num rasgo de impertinência, questionar aqueles que elegem acerca do que tem a dizer sobre tão grande discrepância. É que isto de uma refeição para presos e estudantes ser tão mais barata do que a servida a velhinhos – que, na esmagadora maioria, até nem comem assim tanto – deve ter aqui uma marosca qualquer. Que, de certeza, nada terá a ver com aquela coisa dos votos, ou lá o que é, de que se alimentam os políticos.