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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Guerra especulativa

Kruzes Kanhoto, 27.08.22

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De que modo a guerra na Ucrânia influencia o preço da alface no mercado de Estremoz? Esta inquietante questão persegue-me desde que, a meio da manhã, o produtor/vendedor habitual de alfaces me garantiu que o aumento de preço em vinte e cinco por cento, face ao sábado passado, daquele vegetal constituía uma das consequências da invasão da Ucrânia. Perante a minha estupefação – justificada por, de uma semana para a outra, nenhum dos componentes do processo produtivo da alface ter aumentado em valores sequer parecidos com aquela percentagem – acabou por me assegurar que os restantes vendedores de alfaces também praticavam aquele preço e que, portanto, ele não era mais parvo que os outros para estar a vender mais barato. Estratégia que revela claramente a existência um fenómeno de concertação de preços. Procedimento muito usual em todos os sectores de actividade, diga-se, sem que as entidades fiscalizadoras se importem muito com isso.

Não vou, obviamente, comparar o drama da guerra com a carestia de vida. São coisas incomparáveis ainda que a segunda seja, nalgumas circunstâncias, consequência da primeira. Mas, tal como os ucranianos, também a nossa carteira está sob ataque. A subida vertiginosa dos preços constitui, em muitos casos, uma manobra especulativa  sustentada pela ganância. Gosto do lucro, aprecio o mercado e não vou pela conversa do camarada Jerónimo e outros malucos que defendem o tabelamento dos preços. Nem mesmo o da alface. Prefiro o principio da livre escolha. Eles escolhem especular e eu escolho plantar as minhas próprias alfaces.

A desolação de sábado de manhã

Kruzes Kanhoto, 29.11.20

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Desoladora. É o que me ocorre escrever acerca da imagem. Num sábado normal, às nove e picos, neste local quase não havia chão onde pôr os pés. Agora está assim. O que até torna irónica a medida de limitar a quinhentas pessoas a lotação máxima do espaço onde decorre o mercado. Que, diga-se, é a céu aberto e se estende por uma área que equivalerá, mais coisa menos coisa, a dois campos de futebol. Apesar disso, como qualquer pessoa de bem reconhecerá, um local muito mais propenso à propagação do vírus chinês do que um pavilhão fechado onde, durante horas, estão enfiados mais de seiscentos malucos a discutir a melhor maneira de nos impor – nem que seja pela força – as suas ideias manhosas.

Wc vertical

Kruzes Kanhoto, 21.07.20

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Não sei como se chama este móvel. Equipamento, utensílio ou lá o que se queira chamar-lhe. Não duvido da utilidade que já teve noutros tempos. Num tempo em que a maioria das habitações não dispunha de casa de banho nem, muito menos, água canalizada ou rede de saneamento. Uma cena destas, então, devia ser coisa de gente fina. E hoje, provavelmente, também. Mesmo que lhe seja dada outra finalidade qualquer. Muito menos nobre, quase de certeza. Mas isso será com o comprador, que lhe dará o destino que muito bem entender. Estava à venda, no sábado passado na feira das velharias de Estremoz, pelo simpático preço de trezentos euros. Uma pechincha.

 

Em "portunhol" nos desentendemos...

Kruzes Kanhoto, 18.11.19

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O mercado semanal em Estremoz, aos sábados de manhã, constitui um ponto de visita para muitos espanhóis. Ou não estivéssemos nós a poucas dezenas de quilómetros da fronteira. Também, dada essa proximidade, é normal que não existam grandes dificuldades de entendimento a nível linguístico com os “nuestros hermanos”. Nem que para isso tenhamos de recorrer ao “portunhol”. Convém, digo eu, é não abusar. Não vão os visitantes pensar coisas menos sérias a nosso respeito.

Quem não percebeu do que estou a falar – escrever, vá – fique a saber que a palavra “follado” não existe em português. Trata-se de uma palavra espanhola. O significado? Pois...ide pesquisar num qualquer tradutor on-line, que eu não estou aqui para vos fazer a papinha toda!

Homem-estátua

Kruzes Kanhoto, 26.05.18

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Hoje, por entre as alfaces e outros comestiveis de origem vegetal, o mercado semanal de Estremoz contou com a presença de um homem-estátua. Não é que, por cá, não tenhamos muitos que ao nível do dinamismo pouco ficam a dever a figuras deste género. Mas destes, assim que me lembre, foi a primeira vez. E, a julgar pelos movimentos de agradecimento que a criatura executava, deve ter-se safado. Tal como os outros, os pouco dinâmicos, afinal.