(Im)postos de irritação
Longe de mim estar para aqui a defender a regulação de preços. Seja dos combustíveis, do pastel de nata ou do rissol de camarão. Até porque isso é muito bonito no principio mas todos sabemos como acaba. Ainda assim percebo a indignação dos consumidores, do governo e dos especialistas da especialidade por a descida do ISP, em lugar de se reflectir na algibeira dos automobilistas, ter ido parar ao cofre das gasolineiras. Também eu já me indignei por a redução da taxa de iva da restauração não ter tido repercussão no preço do bitoque e o diferencial do imposto ter ficado na posse dos taberneiros.
É por estas e por outras que, ao contrário da maioria, não alinho naquela tese enviesada da injustiça dos impostos indirectos. Alegam, em defesa da sua teoria, que este tipo de imposto é cego perante a pobreza ou a riqueza dos seus pagantes. Não concordo nada. Primeiro porque quem mais consome é, normalmente, mais rico e logo pagará mais e, em segundo lugar, quando, como neste caso, há redução da tributação ela vai sempre para o vendedor e apenas muito raramente e em pequena parte para o consumidor.
Justa seria a redução do saque fiscal que incide sobre os rendimentos. Nomeadamente o trabalho, a poupança e o investimento. Esse sim, ficaria no bolso das vítimas. Que, se assim o desejassem, podiam gastá-lo a comprar bens e serviços em que pagariam os tais impostos indirectos. Enquanto assim não for podem continuar a chorar lágrimas de crocodilo. Os tais capitalistas de quem ninguém gosta agradecem.