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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

E você, tem a certeza que não é um super-rico?

Kruzes Kanhoto, 24.08.24

Anda muita gente embevecida, a começar pela comunicação social, com a ideia de se avançar com um imposto sobre os muito ricos. Como já está a fazer o governo socialista de Espanha, repete-se com ênfase sempre que se fala do assunto. Por cá, segundo as contas dessa malta, o fisco teria um encaixe a rondar os 3,6 mil milhões de euros. O que daria, ainda segundo os entusiastas da ideia, para gastar em imensas coisas. Em tudo menos para reduzir a carga fiscal sobre o trabalho ou a poupança. O que diz muito acerca dos que veem com agrado esta possibilidade.

Há, no entanto, qualquer coisa que está a falhar nestas contas. É que em Espanha esperavam obter com este imposto uma receita de três mil milhões, mas cobraram apenas 623 milhões. Ora, desconfio eu, o país vizinho terá mais mega-milionários e, quase de certeza, ainda com mais graveto que os nossos mega-milionários. Assim sendo como é que as criaturas que propõem este imposto estimam que a receita fiscal a obter seja cinco vezes superior à arrecadada em Espanha?! Das duas uma. Ou não sabem fazer contas ou, pior, o conceito de super-rico a aplicar por cá será muito mais abrangente. Se calhar é como aquilo dos prémios do Euromilhões ou de qualquer outra lotaria. Em ambos os países a taxa de imposto é de 20%, mas lá só são tributados acima de 40000 euros enquanto cá qualquer prémio superior a 5000 é logo taxado. Querem mesmo taxar os ricaços? Força nisso, mas depois não se queixem se receberem também a respectiva nota de cobrança...

Solidarizem-se, porra!

Kruzes Kanhoto, 22.06.20

Passou pelos pingos da chuva uma proposta de criação de mais um imposto. Taxa Covid, propõem chamar-lhe e visará taxar os ricaços. Será, segundo a explicação avançada pelos seus proponentes, uma cena fofinha que abrangerá apenas quem tem muito graveto e que nada terá a ver com austeridade. Apenas solidariedade, esclarecem.

Não estivesse eu farto de ser solidário – ando a sê-lo para aí desde 2009 – e ainda era gajo para achar que se tratava de uma ideia simpática. Não soubesse eu que quem ganha pouco mais do que o salário mínimo já é considerado rico, talvez não me parecesse despropositada uma taxazinha qualquer que permitisse minorar o impacto da crise. Se desconhecesse a maneira como o Estado esbanja os recursos que nos saca, era capaz de acreditar que o produto do esbulho proposto não iria parar aos bolsos dos do costume. Fosse eu parvo de todo, talvez acreditasse que isso dos ricos pagarem a crise não acontece apenas no país das maravilhas.

Mas, confesso, essa cena da solidariedade agrada-me. É por isso que via com bons olhos um impostozinho qualquer sobre todos aqueles que se reformaram na casa dos cinquenta anos de idade – ou menos se tiverem sido políticos – e que levaram a reforma completa após trinta e seis anos – ou menos – de serviço. Era capaz de ser justo solidarizarem-se comigo que, após quarenta anos de trabalho, se me aposentar agora ficarei, de acordo com o simulador on-line da CGA, com  uma pensão de quatrocentos e trinta e oito euros e oitenta e um cêntimos. E é porque, parece, não pode ser menos.

Avante camaradas com isso do imposto das batatas fritas!

Kruzes Kanhoto, 22.11.17

Vamos em breve ficar a saber se o imposto das batatas fritas, do sal ou lá do que é, vai ou não avante. Isso, diz, depende da vontade dos camaradas. Que, ao que parece, não estarão pelos ajustes. Sabe-se que, nessa coisa da relação entre o Estado e o cidadão, os comunistas consideram que cada um deve contribuir consoante as suas possibilidades e receber de acordo com as suas necessidades. Daí que, de verdade, não esteja a perceber a posição dos camaradas. Acharão eles que a batata frita é um bem essencial na alimentação dos trabalhadores e do povo?  

Por mim, acho bem este imposto. Desta vez estou de acordo com os radicais que assaltaram o PS e com a gaiatagem doida varrida do Bloco.  Só lamento é que o valor da colecta não sirva para continuar a reverter o enorme aumento de impostos do tempo do outro. Mas percebo que não sirva. Alguém tem de pagar aquilo dos professores.  

Esperança num "produto" melhor...

Kruzes Kanhoto, 16.09.16

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Hesito quanto a isso da esperança começar em qualquer coisa que envolva o Bloco de Esquerda. Pelo contrário. Nem a esmagadora maioria de quem quem votou naquilo tem qualquer tipo de esperança. Foi, apenas e só, um voto de protesto. Que tanto foi no Bloco como poderia ter sido, se por cá houvesse disso, num partido de extrema-direita.

Veja-se o caso deste novo imposto sobre o imobiliário anunciado pelos bloquistas. Vai, dizia ontem um dos proponentes, apenas abranger os muito ricos. Mas, acrescentava, permitirá baixar o IRS, aumentar as reformas e melhorar as prestações sociais. Tudo em simultâneo. Ora, das duas uma, ou há muito mais ricos do que aquilo que se supõe ou o conceito de rico será uma coisa muito abrangente para os ideólogos desta parvoíce. Há, ainda, uma terceira hipótese que não deve ser excluída. Estarem a pôr pouco tabaco naquilo que andam a fumar...