O estado a que isto chegou
Pouco me incomoda que as minhas opiniões não sejam populares ou difiram daquilo que é geralmente aceite. Não será por isso que as vou mudar. Até porque a realidade, em muitas circunstâncias, acaba por confirmar que estou certo. Noutras não, mas isso faz parte da vida.
Andei durante anos, aqui pelos blogs e noutros locais, a lamentar a desgraça que os fundos comunitários constituíam para o país. O conceito de gastar dinheiro naquilo que calhasse, para obter financiamento da União Europeia, estava instituído e não havia ninguém que não considerasse um negócio excelente esturrar cem para ir “sacar” oitenta a Bruxelas. Nem que fosse para construir um parque de campismo, onde não consta que algum turista tivesse armado barraca, ou uns repuxos manhosos que, dado o incomodo que causavam, nem uma semana estiveram ligados.
Nos dias de hoje penso o mesmo do estado social. É a nossa desgraça colectiva do presente e do futuro. Esta moda de dar tudo a uma parte da sociedade à custa da outra está, para além de criar fraturas sociais, a levar-nos à falência financeira e, também, social. O problema da habitação é disso um exemplo. Casos como o daquela inquilina que não paga renda há dois anos, vive do RSI e a quem a justiça não permite despejar por causa do cão explicam de forma tão simples que até uma criança de seis anos percebe por que razão muita gente prefere ter os imóveis fechados a colocá-los no mercado de arrendamento. E nem precisa de um desenho. A chatice, para a desgraçada da criança, é que vai ter muito que desenhar quando, no futuro, tiver de explicar aos pais e restante família a razão porque o tal estado social teve de ser extinto ou, com sorte, reduzido à insignificância.