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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Azelhices

Kruzes Kanhoto, 12.03.23

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1 – Desde a recuperação desta entrada na cidade que, num evidente desrespeito por quem anda a pé, nenhum dos muitos pinos que foram derrubados pelos automobilistas mais azelhas foi reposto pelos serviços da autarquia. Hoje foi mais um deitado abaixo. Se o “protocolo” habitual for cumprido, os diligentes serviços municipais amanhã tratarão de repor a calçada e recolher o pino. Quanto aos peões que se lixem. Encolham-se e encostem à parede. O que é uma chatice. Está toda cagada.

2 – Diz que haverá restaurantes a sugerir que o cliente dê gorjeta ao empregado que lhe prestou o serviço pelo qual pagou o preço previamente estipulado. Caso para a ASAE intervir, parece-me. É que isto, no âmbito da gratificação, ou há moralidade ou comem todos. Senão ainda acabamos a dar gorjeta à menina da caixa no supermercado.

3 – No tempo do Passos o SNS funcionava tão mal, mas tão mal, que os bebés nasciam em ambulâncias. A coisa era tão má, mas tão má, que ao ministro da saúde chamavam o dr. Morte. Agora os bebés nascem em Uber’s. Não digo chamar nomes ao ministro, mas, ao menos, já ia uma grandolada.

A gorjeta

Kruzes Kanhoto, 09.06.20

Nunca hei-de entender o conceito de gorjeta. Não me faz sentido. Escusado será escrever que não dou gorjeta a ninguém. Em nenhuma circunstância. Acho a ideia paternalista, por um lado – assim, tipo, ganhas pouco deixa cá compensar-te porque até foste um gajo porreiro - e, por outro, profundamente discriminatória. Que é, como estou farto de escrever, dos comportamentos que mais me irritam.

Diria, até, que no âmbito da gorjeta a discriminação está institucionalizada e é socialmente aceite. O que, obviamente, me parece mal. Muito mal. Dar gorjeta a um barbeiro ou a um empregado de mesa é comummente aceite. Toda a gente o faz. Mesmo que o cliente saia da barbearia com um corte de cabelo de meter medo ao susto ou a refeição provoque daí por umas horas uma realíssima caganeira. Já à senhora que nos renova o cartão do cidadão ou ao funcionário que nos trata da licença do canito, por mais simpáticos que se revelem, nem pensar em dar gorjeta. E ainda bem. Fazê-lo seria até considerado crime, ou coisa parecida. Mesmo que, se calhar, estes últimos aufiram um vencimento mensal muito próximo daquele que recebem os primeiros.

Cada um ganha o que negociou com o patrão, ou seja lá o que for. Se está mal muda-se, como diria a minha avó. Mas a sociedade aceitar de bom grado arredondar o vencimento de uns e achar que outros, apesar de igualmente pobres, são uns mandriões e “já têm muita sorte em estar ali” é, digo eu, de uma profunda hipocrisia. Deve ter algo a ver com aquele conceito, geralmente detestável, da pobreza engravatada…