Coisas de um tempo velho. Ou novo, sei lá.
O país está repleto de obras faraónicas. De utilidade duvidosa, a maior parte delas. O mal não vem de agora nem, por estranho que isso possa parecer, foi exclusivo de Sócrates, Guterres ou Cavaco. É muito anterior. Nem, presumo, terá um fim à vista. Vai, de certeza, continuar enquanto por cá habitar um povo que aprecia esturrar dinheiro e admira quem o esturra em seu nome.
Visitei por estes dias um desses exemplos. O Forte da Graça, em Elvas. Uma fortaleza inexpugnável destinada a defender a linha de fronteira. Parece que nunca foi invadida. Nem, sequer atacada. Reconvertida, num longínquo dia, em presidio militar. Ambivalência que não deixa de ser irónica, diga-se. Que isto de transformar um lugar concebido para impedir que o inimigo lá entre num espaço de onde ninguém consegue sair não é para qualquer um.
Ficou a sua construção em mais de setecentos mil réis. Menos de quatro euros, na actual moeda, mas que à época custou um colossal aumento de impostos aos contribuintes da altura. A juntar aos mais de seis milhões de euros que os contribuintes portugueses e europeus, agora, gastaram na recuperação do imóvel e sua envolvente. Para completar o ramalhete, assim tipo cereja em cima do bolo”, só falta saber quanto custará o teleférico “Rondão de Almeida” a ligar a cidade ao Forte...