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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Uma questão de papel

Kruzes Kanhoto, 21.09.21

Muito papel – de boa qualidade, diga-se – já me deram nestas autárquicas. Mais no que em eventos análogos realizados anteriormente, acho eu assim à primeira vista. Deve ser pela quantidade de candidatos. É que, sem ofensa para ninguém muito menos para os candidatos, são sete cães a um osso. Daqueles que apetece chupar até ao tutano, ao que parece. Tanto assim é que quem o tem abocanhado faz o que pode para o manter entre os dentes.

Mas, dizia eu, isto é papel até mais não. Sem necessidade. Excepto, quiçá, para os colecionadores. Se é que os há. Embora entre a vizinhança haja quem garanta que é material do bom para forrar o balde do lixo. Nomeadamente agora, que o plástico começa a rarear. De resto, quem lê um lê todos. É que isto nem promessas de jeito temos para apreciar. Eu já nem digo o teleférico do Rossio até ao Castelo, o centro de acolhimento a investidores de outros planetas ou mais um investimento chinês qualquer. Contentava-me que alguém se propusesse abdicar da totalidade do IRS que cabe à autarquia. Menos de quinhentos mil euros em mais de vinte milhões – dados oficiais publicados no site do município – não devem fazer assim tanta diferença. Um presidente ganha isso em dez anos...

Vai ser cá um crescimento do PIB na freguesia...ui, ui!

Kruzes Kanhoto, 06.09.21

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Admito que por razões válidas – embora, assim de repente, não esteja a ver nenhuma – os candidatos aos órgãos políticos locais assumam a vontade de manter os impostos e taxas sobre os quais incide o seu poder de decisão, nos valores actuais. Ou por acharem que sãos os adequados, apenas porque sim ou, até mesmo, por simples demagogia populista.

O que já não admito – ou melhor, admito, que outro remédio tenho eu se não admitir – que existam forças políticas que nada propõem em matéria de IRS, mas prometem, caso cheguem ao poder, isentar os fregueses do pagamento da licença do canito. Por mim, obviamente, estou absolutamente contra. Por várias razões. Mas fico-me por duas. Uma é que esta licença, até por questões ambientais, devia ser muitíssimo mais cara e ser objecto de uma fiscalização digna desse nome. A outra é que esta borla não beneficia quem não tem cão e, outro aspecto a ter em conta, pode comprometer o apoio que a Junta deve providenciar aos cães vadios.

Dinossauros que não sobrevivem longe do poder ou a infinita vontade de bem servir o povo...

Kruzes Kanhoto, 15.08.21

Com o aproximar da data das eleições começam a aparecer as primeiras sondagens. Para um concelho relativamente próximo as intenções de voto, apuradas por uma empresa da especialidade, dão uma claríssima vitória – maioria absoluta – ao actual presidente. Não surpreende. Por norma apenas os eleitos mais inaptos para esta coisa da política são apeados do poder.

O que me surpreendeu, quando vi a dita sondagem, foi constatar que um ex-presidente vai mais uma vez a votos. O homem esteve no poleiro uma dúzia de anos, perdeu na primeira tentativa, tem mais do que idade para ter juízo,terá todas as condições para gozar a reforma mas, mesmo assim, insiste em candidatar-se. Para quê? O que move esta gente? O desejo de servir os outros é assim tão grande? E, ao que consta, não será o único a insistir no regresso ao poder. Haverá mais, ao que me dizem. Alguns até, ao que sugerem as más línguas, por interposta pessoa. Acredito que a vontade de trabalhar em prol dos respectivos munícipes seja mais que muita. Mas, desculpem lá, já estou como diz o outro. Toda a dúvida é legitima. Se estão assim tão interessados no bem comum, no melhor para as vossas terras e blá blá blá, por que raio não vão fazer voluntariado? Ou, adaptando um dichote presidencial de outros tempos, desapareçam seus jurássicos, desapareçam!

Isaltinações

Kruzes Kanhoto, 03.10.17

Ainda me lembro do tempo em que a comunicação social, os engraçadinhos de serviço e, de uma forma geral, o país urbano troçavam das velhinhas de verruga e bigode a condizer que juravam devoção eterna à então presidenta Fátima Felgueiras, suspeita de diversos crimes de corrupção. A chacota foi geral e a simpatia que a senhora recolhia nas ruas da localidade atribuída à fraca instrução daquelas pobres alminhas.

Em Oeiras não se coloca a questão da literacia dos eleitores que elegeram Isaltino Morais. Nem, tão pouco, se pode relacionar a massiva votação que obteve com questões de ignorância. Quem votou na criatura fê-lo com plena consciência do acto que estava a praticar e cabal conhecimento dos actos praticados por aquele que estava a eleger.

Não vejo, por isso, grande diferença entre as velhotas analfabetas de Felgueiras, os doutores de Oeiras e os estarolas que se fartaram de gozar com as primeiras mas que agora não abrem o bico para zombar dos segundos. A não ser que seria uma enorme falta de educação chamar burras às anciãs da capital do calçado.