Discriminação selectiva
1 – Não posso chamar “preto” a um cidadão negro. Ai de mim que chame “cigano” a um cidadão de etnia cigana. É melhor nem me atrever a apelidar de “paneleiro” um desses cavalheiros a quem chamam agora homossexual. Se insistir nesta linguagem, com sorte, a malta do politicamente correcto desata a insultar-me e, com mais azar, um Observatório ou Comissão qualquer aplica-me uma multa. Já se chamar múmia a todos os idosos de quem não gosto, ninguém se aborrece. Modernices. Ou algo mais que não me apetece referir. Prefiro deixa-los em paz na sua ignorância.
2 – Um desses Observatórios veio também considerar que, no Carnaval, máscaras de cigano ou africano são um acto de racismo. Não há noticia, por enquanto, que homens vestidos de mulheres, ou o contrário, constituam uma espécie de sexismo ou outro “ismo” qualquer. Vá lá saber-se porquê. Talvez a medicina explique.
3 – Há muita gente que fica escandalizada por alguns comerciantes colocarem sapos de louça no interior dos estabelecimentos. O mesmo nível de indignação não acontece se a decoração envolver, por exemplo, louça das Caldas. Pelo contrário, até acham muita piada a esta última. O que, lamento, constitui uma clara discriminação no âmbito da louça decorativa. Os decoradores de interiores que se cuidem.