Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Alguém deve estar a precisar de vender bicicletas...

Kruzes Kanhoto, 29.03.19

burro-en-bici.jpg

Aprender a andar de bicicleta vai passar a fazer parte do currículo escolar. Parece-me bem. Aquilo de um gajo – ou uma gaja, ou outra cena qualquer, que isto da linguagem inclusiva é uma coisa muito bonita - se montar num velocípede movido a pedal, tem muito que se lhe diga. Com o tempo ainda há-de dar licenciatura, mestrado e doutoramento em velocipedia. Quiçá, até, a condição de doutor ou engenheiro, com formação na arte de bem pedalar a todo o selim, venha a ser um requisito essencial para poder participar na Volta a Portugal em bicicleta.

Mas, bem visto, nem é nada de mais. Se as escolas já ensinam fedelhos de dez anos a enfiar um preservativo numa banana e tratam de informar os petizes de três anos que lá por terem uma pilinha não significa que sejam rapazes – podem muito bem ser, se essa for a sua vontade, uma menina, um macaco ou um rabanete – esta ideia, por comparação, nem é das mais parvas. Parvos, mas mesmo parvos a sério, são os pais que assistem passivamente à doutrinação dos seus filhos por esta gentalha asquerosa.

Arte velocipédica

Kruzes Kanhoto, 29.04.17

Ainda me lembro como se tivesse sido ontem – ou, vá, anteontem – quando um grupo de pseudo-intelectuais bem pensantes, chefiados por uma senhora anafada de farfalhuda bigodaça, conseguiu parar a construção da barragem de Foz Côa. As gravuras não sabiam nadar, alegavam. Isso enquanto garantiam que aquilo, em lugar de uma imensa reserva de água, dava era um parque rupestre muito jeitoso. Coisa para trazer ao lugarejo um desenvolvimento inusitado. Desconheço se, estes anos todos e muitos milhões de euros depois, o profético vaticínio se concretizou. Desconfio que não. Mas isso, admito, até pode ser o meu cepticismo, em relação a tudo o que envolve gente da cultura a dissertar acerca de politicas e opções que se desejam sérias e racionais, a falar mais alto.

Diz que uma daquelas gravuras foi vandalizada um dia destes. Um acto condenável, sem dúvida. Alguém, ao lado daqueles riscos, desenhou uma bicicleta na rocha. Mas, como tudo na vida, há que olhar para o lado positivo da acção da besta com queda para a arte rupestre dos tempos modernos. Vejamos aquilo como um investimento de onde os vindouros irão tirar o mesmo proveito que nós tiramos agora dos riscos feitos pelos nossos antepassados. Talvez daqui por dez mil anos, um bando de idiotas, liderado por alguma senhora anafada de farfalhuda bigodaça, venha para a rua berrar que a gravura não sabe pedalar.