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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Os bancos, o Estado e a arte do assalto legalizado

Kruzes Kanhoto, 13.03.25

Num tempo não muito distante pagámos os prejuízos dos bancos. Hoje pagamos os lucros. Antes com impostos e agora com as comissões - para aqueles que as pagam – e com a margem financeira, para lá de escandalosa, que estão aplicar no negócio da “compra e venda de dinheiro”. Os bancos portugueses são especialistas na arte de dar com uma mão e tirar com as duas. Se tivéssemos de eleger uma instituição que melhor representa o lema "o lucro acima de tudo", os bancos nacionais levavam a taça. E – nem tenho dúvidas quanto a isso - cobravam-nos uma comissão pela entrega.

O governador do Banco de Portugal já veio dizer que as taxas de juro dos depósitos são vergonhosamente baixas. O reparo, como é de esperar, será liminarmente ignorado e os banqueiros, na sua imensa criatividade financeira, continuarão a fazer a sua vidinha. Por cada cêntimo que nos pagam num depósito a prazo - e sublinho cêntimo - arranjam novas comissões para garantir que esse dinheiro nunca chega ao bolso do cliente. Um dia destes ainda hão-de inventar uma comissão só para entrarmos numa agência, como faz aquele supermercado em Inglaterra.

Mas se os bancos já fazem tudo para que o nosso dinheiro renda pouco mais do que nada, o Estado aparece logo para ficar com o resto. Sim, porque aqueles míseros juros que os bancos pagam ainda têm de passar no crivo do IRS. E lá se vai quase um terço para os cofres do Estado, como se, quais malvados capitalistas, estivéssemos a fazer uma fortuna a viver dos rendimentos. Vejamos a lógica: o banco paga 0,5% de juros, o Estado leva 28% disso… No final, o cliente recebe o quê? Uma esmola e um abraço solidário do ministro das Finanças? E o mais curioso é que, enquanto pagam aos aforradores juros dignos de troco de café, os bancos continuam a anunciar lucros recorde. Pudera. Assim é fácil.

Foge cão que te fazem banqueiro

Kruzes Kanhoto, 28.06.24

A banca portuguesa – ou a operar em Portugal, se calhar é mais rigoroso – constitui um exemplo de eficiência, modernidade e de outras cenas mais. Tem quem lhe pague os prejuízos e salve da falência quando o negócio dá para o torto, cobra juros altos e paga juros baixos, fecha balcões e obriga os clientes a fazer o trabalho pelo qual antes pagava aos seus funcionários e ainda lhes cobra por isso. De refereir que no âmbito de sacar dinheiro ao próximo por tudo e por nada, manifesta uma capacidade imaginativa fora do vulgar para inventar comissões só superada pela imaginação do PS a criar taxas quando está no governo. Com a diferença que este partido, quando na oposição, revela igual imaginação a acabar com elas e os bancos não acabam com nenhuma mesmo quando têm lucros extravagantes, chamemos-lhe assim.

Sempre na busca da evolução permanente a banca pretende ser agora mais inclusiva. Seja lá isso o que for. No caso a inovação tem a ver com a criação de agências “pet-friendly”. Ou seja daquelas onde os clientes podem entrar com os seus bichinhos de estimação. O que me parece bem. Há que acabar com a limitação de acesso a qualquer lugar em função do número de patas. Não sei como anda aquilo do crédito mal parado, mas perante este cenário nunca a expressão “vou ali ferrar o cão” foi tão apropriada.

Sonsos...

Kruzes Kanhoto, 03.04.18

Já me aborrece a conversa sobre os bancos e o quanto a sua salvação nos está a custar. Não há gato nem burro que não tenha uma opinião convincente a este propósito. Contra, quase sempre. Embora, depois da coisa ser um pouco mais espremida, acabem a achar bem que a Caixa Geral de Depósitos tenha sido apoiada. Também o auxilio aos especuladores – ou lesados, como gostam de ser apelidados – do BES não lhes parece despropositado. Até mesmo aquilo do governo insistir na entrada da Santa Casa no capital do Montepio não constitui, na sua sábia opinião, nada de demasiado preocupante. E, se a conversa se prolongar muito, acabam a defender que o anterior governo devia ter ajudado o Salgado e o seu banco.

Por mim estou contra. Contra todo o tipo de injecções de capital por parte do Estado. Na banca ou noutro sitio qualquer. Como, por exemplo, a que foi feita nas autarquias locais e a que deram o sugestivo nome de PAEL. Mil milhões, mais coisa menos coisa. Sem que ninguém se tenha indignado ou pedido explicações aos marmanjos que contribuíram para esse descalabro. Pelo contrário, a maioria até foram reeleitos. Depois andam por aí, a colocar frases feitas nos perfis do FaceCoiso... Tá bem, tá!

Vendam a outro que não ao mesmo...

Kruzes Kanhoto, 24.12.15

Nem sei por que raio anda o governo a moer-nos com essa coisa dos bancos. Não se podia vender tudo ao Jorge Mendes e pronto?! Pronto, não. Nem precisava de ser a pronto. Podia ser em prestações suaves e a perder de vista. E também se fazia uma atençãozinha. Assim tipo leva três e paga um. Sempre era melhor do que pagarmos três e ficarmos sem nenhum.

A diferença só está no preço...

Kruzes Kanhoto, 15.09.15

Ao contrário do que está a acontecer com o BPN, foi prometido aos portugueses que não teriam de pagar um único cêntimo com a salvação do BES. Mentira, grita a oposição a uma voz. Vai-nos sair muito caro, garantem. Porque – e este é o melhor argumento que ouvi – se os bancos tiverem de arcar com o prejuízo isso traduzir-se-à em menos lucros e consequentemente pagarão menos impostos. O que, dizem e muito bem, implicará uma perda de receita fiscal e, por consequência, uma perda para os contribuintes.

Por mim não posso estar mais de acordo com este argumento. Dizem, de uma maneira muito clara, aquilo que ando a tentar verbalizar há dezenas de anos. Quando um qualquer patrão – recuso-me a chamar-lhes empresários - usa o dinheiro da empresa para ir às putas isso representa uma diminuição dos lucros e, consequentemente, menos impostos pagos. Ou seja, que tal como os gajos da banca nos está a copular a todos.