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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Nunca funcionou, mas...desta vez é que vai funcionar!

Kruzes Kanhoto, 19.08.24

Um jornal de hoje reproduz em titulo a afirmação “É preciso construir mais habitação pública para o Estado controlar a habitação”. De uma penada parecem ser aqui identificados duas questões. A implícita, que haverá um problema de habitação, e a segunda que existirá uma situação especulativa a envolver o sector. Como isso não me afecta, se calhar é porque não há problema nenhum. Mas, admitindo que haja, a solução preconizada é mais do que parva. É que essa ideia, como maneira de resolver os problemas da habitação, apenas resultou uma vez e num único país. Quando e onde? Nunca e em lugar nenhum, é a data e o local dessa alegada intervenção miraculosa. Quando foi tentada deu os resultados que todos, durante dezenas de anos, pudemos constatar.

Noutra vertente da coisa, pelo país inteiro são muitas as autarquias que “investem” na construção de habitações de cariz social. Apesar dos preços praticados ultrapassarem o ridículo – cinco ou dez euros, não raramente – e de, nesses bairros, os moradores ostentarem sinais exteriores de riqueza incompatíveis com o estatuto de “vulnerável”, “carenciado” ou outro qualquer em voga os valores das renda em divida atingem montantes inimagináveis para a esmagadora maioria dos opinadores. Se calhar, num exercício de cidadania e de escrutínio acerca da forma como se esturram os impostos dos portugueses, ficava-lhes bem indagaram a respectiva Câmara Municipal acerca destas coisas antes de mandarem postas de pescada.

Obviamente que quando se reivindica “habitação pública” não se está apenas a pensar nos alegados pobres. Pretende-se, também, que sejam incluídos aqueles que se convencionou chamar classe média. Que são, diga-se, tão caloteiros como os outros. Mas isso pouca importa a essa malta. Haverá sempre mais um imposto ou uma taxa para pagar esses desvarios.

Arrenda-se...

Kruzes Kanhoto, 10.07.24

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Vários meses depois do prazo inicialmente previsto – devido a peripécias mais ou menos rocambolescas que afectaram o empreiteiro – e incontáveis horas de trabalho dos malandros dos proprietários, a obra está finalmente pronta e a casa colocada no mercado de arrendamento. Acaba-se, assim, a agricultura da crise na sua vertente realmente significativa. Daqui para a frente apenas no quintal de casa o que, como dizia o outro, são peanuts.

Trata-se de uma vivenda com cento e vinte metros de área coberta, a cerca de três quilómetros de Estremoz, com dois quartos, sala com lareira, garagem, sótão, furo, pequeno tanque para rega, poço, árvores de fruto e um quintal – o tal da agricultura da crise – com noventa metros quadrados. Tudo por oitocentos euros por mês. Uma renda altamente especulativa e manifestamente exagerada, dizem-me. Algo impossível de pagar para quem ganha o salário mínimo e que justifica a sua completa destruição por parte do futuro inquilino, acrescentam outros. Concordo com todos, excepto na parte do vandalismo. Recordo, no entanto, que há apartamentos T1, com cinquenta metros quadrados, arrendados por seiscentos euros no centro da cidade. Já quanto a isso do salário mínimo, não é, obviamente, cena que entre nas minhas preocupações. Quem ganha isso – ou mesmo que ganhe muito mais – terá sempre de procurar uma casa que possa pagar. Para os que não podem e que insistem em me aborrecer, tenho uma tenda onde cabem três pessoas que lhes posso vender por tuta e meia. A pronto.

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Concordo, reitero, com a exorbitância do preço. Mas os custos da recuperação não foram menos exorbitantes e o Estado vai abotoar-se com o igualmente exorbitante montante de vinte e oito por cento do valor da renda. Serão, no caso, duzentos e vinte e quatro para o Estado e quinhentos e setenta e seis para mim. Mas disso, que constitui quase em terço, ninguém se queixa. Pudera. São coisas que, desconfio, as capacidades intelectuais das “criadoras de conteúdos” armadas em opinadeiras, não permitirão entender. 

Finalmente um bom tema fracturante

Kruzes Kanhoto, 26.04.18

Muito se tem falado e escrito nos últimos dias sobre habitação. Inclusivamente aqui. Este é um daqueles temas, até pela carga ideológica, que vale a penar discutir. Ao contrário de outros com os quais o país tem andado entretido nos últimos anos e que, invariavelmente, giram em torno do olho do cú. Ou lá perto.

Pena que toda a discussão se centre nos casos de Lisboa e Porto. Lamentável, também, que não se discuta o que está na origem da falta de habitação nos grandes centros e se procure atribuir a culpa apenas ao turismo e à ganância dos proprietários. Se calhar era altura de pensar que toda esta chatice começa na desertificação do interior e no continuo fluxo de gente em direcção às grandes metrópoles. E, já agora, numa maneira de inverter isso. Que, se houvesse vontade política, nem seria muito difícil de encontrar.

Ainda assim e numa escala infinitamente menor, também por cá faltam casas para arrendar. Está tudo em ruínas. Mas, tal como noutros sítios, não será seguramente necessário o Estado requisitar habitações para colocar no mercado de arrendamento. Pode começar pelas suas. Como estas. Situadas numa das mais movimentadas artérias da cidade e que para ali estão à espera de cair.

 

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É fácil fazer caridade com o dinheiro dos outros...

Kruzes Kanhoto, 11.04.18

Praticar a caridade com o dinheiro dos outros é um conceito cada vez mais praticado. Veja-se o caso da lei das rendas. Só um idiota chapado entra no mercado do arrendamento. As limitações são de toda a ordem que, em muitos casos, mais valia que o Estado nacionalizasse o imóvel e ficasse com ele para fazer o que muito bem entendesse.  

Ainda assim não é suficiente para a esquerda. Não quer despejos, reclama da caducidade dos contratos, entende que o proprietário não pode aumentar a renda para valores que garantam a rentabilidade do seu património e prepara-se para proibir, por via legislativa, a exigência de caução ou fiador. Ou seja, o legitimo dono não pode dispor livremente de um património que é seu. Excepto para pagar o IMI.  

Reafirmo, por isso, que só um parvo se mete nisso do arrendamento tradicional. E como se não bastasse o esquerdume está a aprontar, sob os mais variados e elaborados pretextos, um feroz ataque ao alojamento local e para fins turísticos. Tudo em nome dos pobrezinhos, alegam eles. E daqueles que, mesmo tendo nascido nas berças, se acham no direito a morar na praça. Com isso irão prejudicar centenas ou milhares de pessoas que obtêm, legitimamente, os seus proveitos nesta actividade. Mas não é coisa que importe. Como dizia o outro: "Não queremos cá disso. Depois aburguesam-se e já não votam em nós".