Saudinha
Hoje, por culpa da actualização das comparticipações, a ADSE voltou a ser noticia. Coisa que, como sempre, suscitou a eterna discussão acerca dos privilégios dos seus utentes e da alegada discriminação de que se sentem vitimas todos os outros. Cada um sabe de si. Por mim sei é que a maioria dos jovens que entram para a função pública, nomeadamente os que auferem um vencimento um pouco melhor, não se inscrevem nesse subsistema de saúde. Eles lá saberão porquê. Mesmo quem opta por se inscrever, tirará algum partido das consultas, próteses ou meios auxiliares de diagnóstico. No resto, caso tenha uma daquelas chatices mesmo chatas, ou tem dinheiro – e muito - para se “chegar à frente” ou terá de ir para o SNS como qualquer outro comum dos mortais que não foi ungido pela sorte de ser funcionário público. Não há, nessas circunstâncias, ADSE que lhe valha.
Outra vantagem muito apreciada deste sistema são os chamados convencionados. Por uma consulta de especialidade pagava-se, da última vez que recorri a uma, cinco ou seis euros. Ou sou eu que tenho azar ou não vale a pena. Numa, de oftalmologia, não demorei mais de cinco minutos. Tempo suficiente para fazer a graduação e o médico passar a receita. Noutra, perante a manifesta vontade do jovem médico me despachar, tratei de descrever exaustiva e repetidamente os meus sintomas, aproveitando inclusivamente para nomear outras maleitas passadas e questionar sobre ligações entre elas que até a mim pareciam absurdas. Foi com muito esforço que consegui permanecer no consultório dez minutos mal contados. Apenas, acho eu, porque o rapazola teve alguma consideração por eu ter idade para ser pai dele. Claro que, em ambos os casos, acabei por consultar outro clínico e, desde aí, consulta dessa natureza apenas se conhecer o médico ou me for recomendado por quem o conheça.