Que S. Eleitor nos livre do "Imposto Tavares"
Uma das promessas eleitorais mais escabrosas, apresentada pelo Livre, pretende atribuir cinco mil euros, só porque sim, a todas as crianças que nasçam em território português. Para isso os contribuintes pagariam, anualmente, algo parecido com quinhentos milhões de euros. Tudo financiado, diz o tontinho que manda naquilo, por um novo imposto que incidiria sobre as grandes heranças.
Acredito que a ideia possa colher simpatia entre invejosos, preguiçosos e todos os que acham que tudo lhes é devido apenas por existirem. A explicação para o financiamento do disparate parece ter agradado. Tanto que ninguém, que eu tenha ouvido, a contestou. Por mim, continuo curioso. Sabendo que falecem por ano cerca de cento e vinte mil pessoas, das quais as ricas não serão assim tantas, convinha explicar a partir de que montante é que a herança seria considerada “grande”. A taxa, ao que o sonso do Tavares disse, seria de 28%. A juntar, provavelmente, aos 10% de IS que – excepto ascendentes e descendentes – já pagam. O que nos conduziria a outro problema. A liquidez. Como é que alguém que herdasse património imobiliário pagava o “imposto Tavares”? Assim de repente desconfio que o roubo à propriedade privada e ao dinheiro de cada um, para dar de mão beijada a quem nasça de agora em adiante, só será viável se quinarem muitos velhinhos ricos e, de preferência, daqueles que levaram a vida a juntar dinheiro. Isto se, antes, não tiverem tempo de o esturrar todo.