País de pedintes
A propósito desta tramóia em torno do tratamento das gémeas com o medicamento mais caro do mundo ficámos a saber, entre outras coisas, que os ministros têm assessores cujo único trabalho que fazem é apreciar os favores que os portugueses – e, pelos vistos, não só – pretendem obter do governo. Algo que, convenhamos, diz muito mais do povo que somos do que dos governantes que temos. A estes apenas fica mal, para além de condenável a todos os títulos, satisfazer a pedinchice que lhe é dirigida com o dinheiro dos impostos que alguns pagamos.
A este propósito recordo um caso, já com muitas décadas, envolvendo um pedido dirigido a Mário Soares, à época Presidente da República, por alguém que conheci e que toda a vida passou dificuldades da mais variada ordem. Daquelas mesma à séria. Na volta do correio, o então Presidente lamentou não poder solucionar os inúmeros problemas descritos na missiva que lhe tinha sido endereçada e juntou um cheque de cinco contos. Da sua conta. Outros tempos.