Os publicanos do asfalto
Cerca de doze mil condutores terão sido multados, em poucos dias, por excesso de velocidade. Excluindo os próprios é, para a maioria, algo muito apreciado. Bem feita, cumprissem a lei, a mim nunca me apanharão numa dessas, é um discurso que ouço com demasiada frequência e indisfarçável desagrado. Face às ratoeiras, quer a nível de sinalização quer do comportamento das autoridades, só por milagre se consegue escapar.
Esta actuação das policias constitui um assalto ao bolso dos portugueses e não tem nada a ver com segurança. Se a preocupação fosse melhorar a segurança rodoviária e não apenas encher os cofres do Estado, os radares não estariam escondidos, como acontece quase sempre, em locais onde o perigo é praticamente nulo. Para não ir mais longe, socorro-me apenas do caso das estradas municipais onde agora lhes deu para fazer controlo de velocidade, enquanto ignoram o perigo que constituem os javalis. Os bichos são responsáveis por inúmeros acidentes, alguns que resultaram na morte dos condutores, contudo o controlo desta praga continua por fazer. Sendo, até, proibido o seu abate.
Por mim, que também tento não ser apanhado, procuro cumprir rigorosamente a sinalização que vou encontrando. Por mais ridícula que seja. Sim, limites de 70Km/hora, em rectas com boa visibilidade no IP2, é para lá de parvo. Hoje, fazer uma viagem de duzentos e oitenta quilómetros sempre por estradas nacionais demora quatro horas. Poupa-se nos impostos, mas esturra a paciência de qualquer um. Nomeadamente dos desgraçado que têm o azar de ir atrás de mim. Isto apesar de já ter instaladas umas quantas “apps” que me alertam para a presenças desses salteadores. Mas, mesmo assim, nunca fiando.