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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Os novos bolcheviques

Kruzes Kanhoto, 30.08.16

Não falta quem garanta que no Brasil não há políticos honestos. Se os houvesse, acrescentam, o país deixaria de funcionar. Desconheço se assim é ou não. Nem, a bem dizer, é assunto que me tire o sono. É lá com eles.

É por isso que, descontando aquela parte do internacionalismo não sei das quantas, dificilmente entendo os motivos que levam tantos comunistas a expressar diariamente nas redes sociais o seu apoio a Dilma Roussef e, consequentemente, a sua repulsa pelo processo político que levou ao afastamento da Presidenta brasileira. Parece – e se calhar é – uma campanha orquestrada. Insurgem-se contra um alegado golpe de Estado, acusam os opositores dos crimes que estes apontam aos governantes recentemente destituídos e apelam ao respeito da vontade popular expressa em eleições.

Convenhamos que estes argumentos e a sua acérrima defesa, independentemente da seriedade de todos os personagens envolvidos nesta comédia, são para lá de surpreendentes. Nomeadamente por virem de gente cujo ideal político é fundamentado nas teses de um ditador que chegou ao poder através de um golpe de Estado, que se esteve nas tintas para os resultados eleitorais – o seu partido levou uma coça monumental mas ele não largou o poleiro – e instituiu no país uma ditadura sanguinária que durou mais de setenta anos. Ou como diziam por cá: “Não podemos perder por via eleitoral o que tanto tem custado a ganhar ao povo português”.