O problema não são as eleições. É o resultado.
Ao contrário do que me parece ser a opinião quase generalizada, o problema não são as eleições. Em democracia o voto nunca é um problema. A chatice é que, por mais que se vote, nunca saímos disto. E a culpa é nossa, enquanto povo, por não querermos mudar nada. Podemos passar a vida a votar, mas andaremos sempre à volta do mesmo e, ainda que por obra de um acaso mirabolante, apareça alguém que queira tornar isto num país a sério surgirão tontinhos aos magotes que tratarão de o impedir.
Muito me engano ou das próximas legislativas resultará um cenário ainda mais difícil do que o actual. Uma maioria de uma eventual frente populista de esquerda – PS, BE, Livre, PCP e PAN ou apenas alguns destes – constituiria uma tragédia de proporções épicas com consequências que nem me atrevo a imaginar. Imigração descontrolada e ocupação de habitações, no âmbito da segurança ou aumento de impostos, nacionalizações e crescimento artificial de salários no que diz respeito à economia contribuiriam para criar um caos social provavelmente ainda mais perigoso do que o do tempo do PREC. A radicalização - apesar de muita - pode não ser tanta, mas a voz dos indigentes mentais é muito mais escutada do que antes.
Por outro lado, uma maioria de direita – AD e IL – afigura-se como algo do domínio da ficção. Daí que o mais provável seja uma vitória, sem maioria, do PS ou da AD. Adivinhar o que se vai seguir nestas circunstâncias, ganhe um ou outro, não requer dotes adivinhatórios muito relevantes.