Novos pobres
Acho piada ao discurso oficial acerca da pobreza. Não, obviamente, que a condição de pobre suscite motivo para risota, mas antes por causa daquilo que os políticos de todos os quadrantes dissertam relativamente ao assunto. Lamentam-se, por um lado, que o número de pessoas nessa condição é exageradamente elevado e, por outro, aprovam sucessivas medidas que contribuem, se não para o aumentar, para não o fazer reduzir.
O caso dos idosos, por exemplo. Segundo os dados divulgados são dos grupos etários onde a condição de pobreza prevalece. E o que fazem os políticos? Aumentam as pensões, o que para além de simpático parece adequado. Ou não, porque entretanto a cada ano que passa quem se vai aposentado vai tendo reformas mais magras e que cada vez representam menos dinheiro face aos últimos ordenados. Ou seja, alguém que hoje aufira mil euros por mês se amanhã se reformar ficará – eventualmente, porque pode nem chegar a tanto – com uma pensão de oitocentos. Abaixo do SMN, apesar de sempre ter descontado acima dessa retribuição, o que a incluirá no número de pobres. A menos que possua um pé-de-meia nem dinheiro terá para pagar um lar. Estão a ser criadas hordas de novos pobres e um dia isso vai ser uma chatice. Daquelas mesmo sérias.