Não vistam os bichos, porra!
Só me apetece dar chapadões aquelas pessoinhas que insistem em vestir os cães e os gatos. Não percebem, os imbecis, que estão a mal-tratar os bichos. A natureza encarregou-se de dar defesas aos animais e, acreditem ou não os urbano deprimidos, eles sabem usá-las muitíssimo bem para se protegerem.
Hoje, pelas oito menos um quarto, fui dar comida à senhora dona gata. Estavam zero graus. Apesar disso o cão dos vizinhos, um rafeiro alentejano de grande porte, dormia todo refastelado na relva. Ao relento. Isto apesar da cama no alpendre e da casota nas imediações. Quando o chamei olhou para mim com um olhar que me pareceu repleto de indignação por o ter acordado a horas tão impróprias e continuou nos braços de Morfeu enquanto conseguiu resistir às informações que o olfacto lhe transmitia. Sem se importar com o frio. Mas isso é porque se trata de um cão à séria e os donos não são como esses parvos que querem fazer de um bicho uma pessoa em miniatura.
Entretanto, por causa da senhora dona gata, levantei-me alta madrugada. Coisa de que me arrependi mal cheguei à presença da bichana. Então não é me desloquei alguns quilómetros, com a consciência pesada por não lhe dar comida desde sábado, chego lá e ela tem um pardal, que deve ter caçado, ali mesmo à disposição e não o come?! Caiu vários pontos na minha consideração, a bicha. Se me faz outra passo a deixar-lhe lá cinco euros por semana e ela que se desenrasque...