Não há bicicletas grátis
Parece que o governo vai esturrar três milhões de euros a comprar bicicletas para as escolas. Para ensinar os meninos a andar de bicicleta, diz. Ainda que admitindo a existência frequente de maneiras piores de esbanjar dinheiro, não se me afigura que isto constitua uma necessidade ou, sequer, que alguém com um nível de bom senso ligeiramente acima de zero possa considerar que estamos perante uma prioridade que justifique esta ida ao bolso dos contribuintes. Se existe folga orçamental então que se diminua a carga fiscal. Os quarenta e sete por cento dos que trabalham, para sustentar os restantes e financiar estes e outros devaneios destes malucos, certamente ficariam agradecidos.
Mas não é apenas a parte do gastadouro de dinheiro público – público é uma maneira de dizer, porque todo o dinheiro do Estado é gerado pelos impostos para por particulares e empresas – que me suscita alguma irritabilidade. É que, assim de repente, não estou a ver por que raio há-de ser a escola a ensinar as crianças a andar de bicicleta. Então os papás e as mamãs servem para quê? Para tirar as fotos e publicar as fotos dos pirralhos na internet? E essa treta de que nem toda a gente tem dinheiro para comprar uma bicicleta é, também, conversa para embalar totós. Qualquer puto ranhoso tem nas mãos um telemóvel tão caro – ou, até, mais – do que uma bicicleta.
O ambiente e a sua alegada defesa estão na moda. Daí que, cada que o governo nos vai ao bolso – seja com medidas destas ou com a criação de novos impostos “verdes” – a manada abana o chocalho. Ou, como diria a minha avó, vão-lhes à peida e eles gostam.