Matemáticas eleitorais
Reza a lenda que um meliante apelidado de Robin andava, nos tempos de antanho, pelos bosques a roubar aos ricos para dar aos pobres. Não passará, provavelmente, de uma história mal amanhada, com um pouco de verdade e muito de imaginação. Na altura não seria difícil distinguir entre uns e outros. Seriam, ambas, condições que se topavam à distância. Hoje tudo é diferente. O papel de justiceiro antes desempenhado pelos “Robins dos bosques” da época é agora atribuído aos Estados que, face à elasticidade dos conceitos de “rico” e de “pobre”, o vão aplicando de acordo com os ciclos eleitorais e os interesses dos políticos circunstancialmente no poder. Daí que o pensamento expresso na imagem acima apenas seja parcialmente correcto. A última frase está a mais. Até porque no socialismo só os camaradas dirigentes teriam os tais mil euros. Que, como é óbvio, não distribuiriam por ninguém.
Infelizmente esta forma de governar não é exclusiva de alegados comunistas nem, sequer, da esquerda ligeiramente mais ajuizada. Veja-se o caso do actual governo. Dá tudo a todos. De tal modo que, pasme-me, até os socialistas já estão preocupados com as consequências deste desvario. Com razão. É que estes malucos, em vez de mil, podem só tirar oitocentos, mas não se limitam a distribuir duzentos e cinquenta por quatro. Vão mais longe e dão trezentos a dez. Um dia alguém irá pagar a diferença, mas entretanto há umas eleições para ganhar.