Incompreensões
Há quem se declare incompreendido pela sociedade. Eu, que gosto de ser do contra, não compreendo a sociedade. Será, decerto, um defeito meu. Uma coisa que irá comigo para o crematório. Por um lado já sou demasiado velho para mudar e, por outro, as razões para a minha incompreensão não cessam de aumentar. Vejamos algumas:
- Quando os bancos apresentam prejuízos é mau. Quando apresentam lucros, também. Fica, numa ou noutra circunstância, toda a gente indignada. É melhor decidirem-se. Não é por mim. É para levar a resposta ao homem, como dizia a minha a avó quando se estava nas tintas para conclusões alheias.
- As grandes fortunas constituem um enorme problema. São, ao que ouço amiúde, a causa das desigualdades sociais que provocam todos os males da humanidade. Talvez sejam. Desse ponto de vista, desde a semana passada e depois dos maiores ricaços do planeta terem perdido larguíssimos milhares de milhões de euros graças a estas cenas das tarifas, hoje o mundo é um lugar muito melhor para os pobres. Não se esqueçam de agradecer ao Trump.
- Costumo dizer que pagar e morrer, não necessariamente por esta ordem, são as últimas coisas que se fazem na vida. Não serei o único, mas poucos pensarão como eu. A generalidade das criaturas gostam de pagar adiantado. Deve ser por isso que anda por aí uma indignação que só visto por causa do IRS. As pessoas estão chateadas por não lhes ter sido cobrado no ano passado um imposto que apenas têm obrigação de pagar no fim do próximo mês de Agosto. Como diria aquele antigo líder do PS e putativo candidato a Presidente da República, qual é a pressa?