Há piadas que se fazem sozinhas...
O país tem andado entretido com as empresas dos ministros, com as empresas das famílias dos ministros, com as empresas que eram nos ministros mas que agora já não são e com as empresas que eram dos ministros e que apesar de eles dizerem que já não são deles vai-se ver ainda lhes pertencem nem que seja por interposta pessoa. Tudo isto porque, apesar de ainda não terem ganho, poderão vir a ganhar muito dinheiro com uma lei que eles aprovaram.
Muito bem. Assim é que se previnem as falcatruas. Agindo antes que aconteçam. Mas, se calhar, era capaz de ser melhor alterar a lei de forma a que quem tenha empresas não possa ser governante nem, sequer, deputado ou exercer qualquer outro cargo político. Para evitar esta promiscuidade tais lugares deviam estar apenas reservadas aos funcionários públicos. E, mesmo assim, apenas aqueles cujo conjugue, filhos ou pais não fossem empresários. Igualmente para evitar conflitos de interesses, os funcionários públicos que fossem indigitados para o exercício de qualquer cargo não podiam estar ligados à área que fossem tutelar. Exemplificando: Para ministro da saúde era nomeado um engenheiro de minas, para a agricultura um médico e para as finanças uma assistente social. Aos deputados aplicar-se-ia o mesmo principio, mas só depois de interrogados – se necessário fosse com recurso à tortura – todos os colegas lá do serviço, vizinhos, amigos, conhecidos, antigos colegas de escola e, se fosse o caso, ex-camaradas do tempo da tropa.
Entretanto enquanto se discutiam estas manigâncias na Assembleia, na comunicação social e onde calhava o parlamento aprovou quase por unanimidade - só um deputado optou pela abstenção - um voto de pesar enaltecendo as virtudes de um tal Pinto da Costa. Ao qual, diga-se, quase metade do país prestou vassalagem uma última vez e os que não dobraram a espinha perante o cadáver do figurão foram duramente criticados por isso. Nem vale a pena tecer grandes comentários… A piada faz-se sozinha.