Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Guerra especulativa

Kruzes Kanhoto, 27.08.22

21645379_Pdg4W.jpeg

De que modo a guerra na Ucrânia influencia o preço da alface no mercado de Estremoz? Esta inquietante questão persegue-me desde que, a meio da manhã, o produtor/vendedor habitual de alfaces me garantiu que o aumento de preço em vinte e cinco por cento, face ao sábado passado, daquele vegetal constituía uma das consequências da invasão da Ucrânia. Perante a minha estupefação – justificada por, de uma semana para a outra, nenhum dos componentes do processo produtivo da alface ter aumentado em valores sequer parecidos com aquela percentagem – acabou por me assegurar que os restantes vendedores de alfaces também praticavam aquele preço e que, portanto, ele não era mais parvo que os outros para estar a vender mais barato. Estratégia que revela claramente a existência um fenómeno de concertação de preços. Procedimento muito usual em todos os sectores de actividade, diga-se, sem que as entidades fiscalizadoras se importem muito com isso.

Não vou, obviamente, comparar o drama da guerra com a carestia de vida. São coisas incomparáveis ainda que a segunda seja, nalgumas circunstâncias, consequência da primeira. Mas, tal como os ucranianos, também a nossa carteira está sob ataque. A subida vertiginosa dos preços constitui, em muitos casos, uma manobra especulativa  sustentada pela ganância. Gosto do lucro, aprecio o mercado e não vou pela conversa do camarada Jerónimo e outros malucos que defendem o tabelamento dos preços. Nem mesmo o da alface. Prefiro o principio da livre escolha. Eles escolhem especular e eu escolho plantar as minhas próprias alfaces.

13 comentários

Comentar post