Eh pá, "deslarguem-me" a carteira!
Quando leio ou ouço declarações de gente da CGTP, BE ou PCP a solidarizar-se com trabalhadores em protesto por verem o seu ordenado “engolido” pelo SMN – salário mínimo nacional – só me apetece arrancar os cabelos. Os deles, que eu poucos tenho. Esse meu desejo de me atirar às pilosidades alheias advém não tanto das alarvidades proferidas pelas criaturas oriundas daquelas áreas políticas, até porque dali não espero grande coisa, mas sim com o facto de ninguém – e reitero, ninguém – ter a decência de os confrontar com a evidência que a causa do protesto que dizem apoiar é, em grande medida, culpa deles. Quem tem exigido a constante subida do SMN tem sido aquela malta, sem olhar às consequências que daí resultam para os restantes trabalhadores. A mais óbvia e que apenas um burro – ou uma besta, vá – não vê, é a desvalorização dos restantes vencimentos.
Esta postura da esquerda pouco espanto me causa. Só irritação. Muita, no caso. Para esta cambada de retardados quem ganha meia dúzia de euros para além do SMN é rico, privilegiado ou, no mínimo, tem de ser “solidário com os mais pobres”. É isso que alegam quando defendem o actual nível de impostos e recusam a sua eventual diminuição. No que diz respeito ao IRS, então, a coisa vai para lá do delirante. O argumentário, que estou sempre a ler e a ouvir, usado para justificar o roubo perpetrado ao rendimento do trabalho é, para ser simpático, próprio de uma criança de três anos. Mas triste, mesmo muito triste, é que gente aparentemente inteligente continue a votar nessa opções e, mais triste ainda, a corroborar esses argumentos. Deve ser aquela cena do quanto mais me roubas, ou lá o que é...