É mais o cabaré da coxa...

Uns cartazes do Chega — ou do Ventura, não sei ao certo, mas vá, é praticamente a mesma entidade — a proclamar que “isto não é o Bangladesh”, estão a deixar algumas almas à beira de um ataque de nervos. Ao ponto, pasme-se, de já haver quem apresente queixas por xenofobia, discurso de ódio e sabe-se lá mais o quê. Esquisito, este frenesim. É melhor decidirem-se. Acusam o homem — e o partido — de mentir constantemente e quando por uma vez dizem a verdade, queixam-se também. Deve ser gente que faltou às aulas de Geografia, certamente.
Claro que, em alternativa, o cartaz podia ter dito “isto não é a Suíça”. Geraria indignação na mesma, mas pelo menos levaria os eleitores a pensar: “Pois não… mas é pena.” O que, convenhamos, seria uma jogada de marketing bem mais inteligente. Assim, o comum dos mortais limita-se ao “pois não”. O que é, manifestamente, pena. Mas isso sou eu a divagar, que onde uns veem xenofobia e racismo eu vejo apenas um erro de publicidade mal direcionada.
Calculo que, com tanta lamúria sobre a alegada bandalheira em que o país vive, não tardará a surgir outro cartaz com os dizeres “isto não é o da Joana”. Se assim for, vai ser o bom e o bonito. Desde a choramingas do Livre, passando pelos zelosos da Comissão Nacional de Proteção de Dados até às feministas militantes e aos papagaios que debitam como verdades absolutas o que ouviram na televisão, todos descobrirão crimes de vária ordem na expressão tão tipica do linguajar português. Afinal, isto não é nenhum dos outros países do mundo. É Portugal. Uma espécie de "cabaré da coxa".
