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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Discursos fofinhos

Kruzes Kanhoto, 23.11.20

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O senhor doutor Mamadou não quer, obviamente, limpar-me o sebo. Nem a mim nem a ninguém, acho eu. Que o homem não é parvo e não pretenderá acabar, por via do falecimento em massa, com quem lhe garante o sustento. Aquilo é tudo uma metáfora que apenas as mentes mal intencionadas fazem questão de não entender.

Entretanto foi aprovada no parlamento, por proposta da deputada Joacine, a criação de um “observatório do discurso de ódio, racismo e xenofobia”, ou lá o que chamam ao regresso da velha censura que os novos fascistas estão a promover. Não é que ache mal, que isto de odiar as pessoas não me parece bem. Temo é que pessoas como o doutor  Mamadou ou a doutora Joacine, daqui em diante, mal possam abrir a boca.

Depois há também aquela coisa do amor e do ódio estarem, ao que garantem alguns especialistas na especialidade, separados por uma linha muito ténue. Daí não me surpreender que, então, figuras como as mencionadas passem a suscitar uma inusitada simpatia e admiração por parte de muitos. Com insuspeitas declarações de amor, até. Desconfio mesmo que, quando esse comité estiver no pleno uso das suas atribuições, a criatividade da escrita e do discurso irá conhecer um significativo incremento. Quem leu textos que tiveram de passar pelo crivo da “Comissão Central de Exame Prévio” sabe do que estou a falar. E os outros, um dia destes, vão ficar a saber.