Crises há muitas, seus palermas!
Parece que a pobreza não pára de aumentar e que as famílias a passar dificuldades serão cada vez em maior número. Coisa que, tanto quanto me recordo, acontece de forma sistemática pelo menos desde o início da década de oitenta do seculo passado, altura em que comecei a ter de me governar pelos meios próprios meios e que, por consequência, passei a ficar mais atento a estes fenómenos.
O conceito de crise é muito relativo, vai variando ao longo dos tempos e as diferentes gerações encaram-no de modo absolutamente diverso. Para os meus avós crise era não ter nada para comer. Passar fome, mesmo, pois nessa altura não havia banco alimentar nem outra coisa que lhes valesse. Para os meus pais crise era comer açordas sem azeite ou dividir um pão e uma sardinha pela família toda. E, normalmente, eram muitos nessa altura. Para mim crise era apenas comer frango aos domingos, peru no Natal, borrego pela Pascoa e no resto do ano açorda, sopas de tomate ou migas. Para a actual geração crise é não ter dinheiro para ir a restaurantes, viajar pelo mundo, comprar o telemóvel topo de gama ou morar no centro cidade. Ou melhor, o dinheiro não chegar para pagar os créditos que contrai para financiar tudo isso.
Não vou, só porque não me apetece, fazer juízos de valor acerca das prioridades de cada um. Até porque, seguramente, as sopas alentejanas com que me alimentaram eram de muito melhor qualidade do que a comida que as vitimas da actual crise encomendam pela Glovo.