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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Certificados de aforro

Kruzes Kanhoto, 03.06.23

Justificar a decisão do governo de reduzir a taxa de remuneração das novas subscrições de certificados com uma boa gestão da divida pública é dizer o óbvio. Muito melhor seria, desse ponto de vista, o Tesouro financiar-se a taxa zero ou negativa. Dizer que é necessário reduzir os custos da divida do Estado faz todo o sentido. Concluir que o bem-estar económico dos cidadãos é um obstáculo ao bem-estar financeiro do Estado, também.

Só que temos sempre aquela coisa de à mulher de César não bastar ser séria. Tem, também, de parecer. E nisto, como em quase tudo o resto, seriedade é algo que não parece existir. Parece, isso sim, mais um favor à banca. Ou uma contrapartida por causa das comissões que, poucos dias antes, ficou proibida de cobrar. Daqui por uns tempos veremos. Nomeadamente quando gente do actual governo – ou da oposição à direita, que está calada que nem um rato – começar a integrar as administrações dos mais diversos bancos.

Estou farto de ler e ouvir que o Estado não pode, nem deve, intervir e obrigar a banca a subir os juros que paga aos depositantes nem a baixar o que cobra a quem lhe deve. Apesar de acérrimo defensor da não ingerência do Estado no mercado, abro uma excepção no que toca ao sector bancário. Se interveio quando foi preciso salva-lo da falência, então agora em defesa dos contribuintes, pode e deve intervir. Mas claro que não o faz. Quando o mercado funciona a favor das pessoas o governo, em defesa de outros interesses, não o deixa funcionar.

Finalmente uma palavrinha para aqueles que, como já li hoje, acham que se ainda há dinheiro para colocar em certificados de aforro, então também ainda há margem para aumentar os impostos. Seus burros, o rendimento gerado pelos CA’s paga vinte e oito por cento de imposto. Logo quanto menor for o juro, menor será o imposto arrecadado. Ou seja menor será a receita que alimenta as vossas prestações sociais, também conhecidas por remuneração da preguiça.

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