Causas valorizáveis e activistas despreziveis
Detesto ver certas causas, nomeadamente no âmbito social ou ambiental, associadas a determinados quadrantes políticos ou, até, certas faixas etárias. O ambiente, por exemplo. Uma causa de esquerda, ao que nos querem fazer acreditar. Ou dos jovens, como afiançam uns quantos papalvos. Não me parece. É que, assim de repente, não consigo descortinar por que raio é que um puto de dezoito anos com ideias esquerdistas, me há-de ensinar seja o que for em matérias ambientais. Logo a mim, um perigoso fascista quase com oitenta anos que não fumo, não como fasy-food e raramente ando de avião. Só assim para citar umas coisinhas que essa malta, vá lá saber-se porquê, não valoriza por aí além no que toca a classificar como potencialmente poluidoras.
Muitíssimo menos consigo ver a questão das mulheres, no que se refere a discriminações e afins, como causa da esquerdalha. Sem grande esforço sou capaz de me lembrar de duas dúzias de países, governados pela direita, onde o cargo de Presidente ou chefe do governo são, ou foram, ocupados por mulheres. Ao contrário, apesar de ter feito um apelo sem precedentes à minha memória, não me consegui lembrar de igual lugar ter sido ocupado em países como a China, Cuba, Coreia do Norte, Venezuela ou em todos os outros – desde o ex-bloco de leste às ditaduras comunistas africanas e asiáticas – onde a esquerda é ou foi poder. Deve ser obra do acaso, certamente.