As piadas sobre os portugueses são tão giras, não são?
Um bocado parva aquela lei do governo que proíbe o contacto entre empregador e empregado - e vice versa, se calhar - para lá do horário de trabalho. Verdade que o tempo de descanso de cada um deve ser respeitado, mas chegar ao ponto de fazer uma lei nestes termos parece-me igualmente abusivo. É que, a continuar assim, um dia destes acordamos e temos todos os aspectos da nossa vida laboral e social regulamentados pelo governo. Desde o temos que podemos estar no wc até à obrigatoriedade de apanhar sol um período mínimo do dia.
Como seria de esperar esta proibição motivou a risota de muita gente além-fronteiras. E, como também não podia deixar de ser, levou a que fossem proferidos comentários jocosos acerca de Portugal e dos portugueses. Coisa que – vá lá saber-se porquê – deixou os tugas extremamente irritados. Sinceramente não vejo razão para tanta indignação com as piadolas dos estrangeiros a nosso respeito. É que eu ainda sou do tempo em que dizer graçolas acerca de alentejanos e da nossa alegada pouca apetência para o trabalho, constituía uma espécie de desporto nacional. Aceitar ser alvo de chacota era, até, visto como um sinal de inteligência e reclamar desses dichotes – como fiz em inúmeras ocasiões – um sintoma de ausência dela. E de sentido de humor também, esclareceram-me outros mais benevolentes com a minha azia em relação às anedotas de alentejanos.
Por isso, caros compatriotas, encaixem o gozo da estrangeirada. Sejam inteligentes, tenham sentido de humor e saibam rir de vós próprios. É, afinal, apenas colocar em prática aquilo que durante tantos anos aconselharam outros a fazer.