Arquitontices
Qualquer especialista especializado na especialidade encontrará muitos e bons motivos para justificar o inusitado estilo aquitetónico do centro comercial de Évora. Nomeadamente para a ideia peregrina da cobertura da zona da restauração ser uma espécie de tenda árabe. Deve ser uma tentativa de homenagem aos invasores que há uns tempos ocuparam estas paragens. Aquilo, mal comparado e para se perceber a aberração que constitui, é como se fosse um terraço cercado por quatro paredes com uma lona por cima para proteger do sol e da chuva. Isto na zona mais quente do país e, também, onde no Inverno as temperaturas mais descem. Que um qualquer qualquer arquitonto tenha tido a ideia, ou lhe tenham pago para a ter, ainda percebo. Que o dono da obra, por ser árabe ou apreciar o formato, pretendesse fazer um edifício naquele estilo, até compreendo. O que me é difícil entender é como é que o município e demais entidades envolvidas na apreciação do projecto aprovam e licenciam uma coisas daquelas. A insustentabilidade energética deve ser algo para lá do inimaginável, tal será o consumo de energia necessário para manter frequentável o espaço destinado à restauração. De Inverno nem os inúmeros aquecedores a gás, espalhados por todo o lado, conseguem proporcionar um ambiente minimamente confortável e no Verão nem se dá pela existência de ar condicionado. Refeiçoar ali é um martírio. Daí que pouca gente o faça e, ao contrário da generalidade dos espaços desta natureza, a disponibilidade de mesas mesmo nos horários mais procurados seja sempre muito elevada. Vejo, no entanto, uma ou outra vantagem. De Inverno não é preciso esperar que a sopa arrefeça. O percurso entre o balcão e a mesa é mais do que suficiente para arrefecer uma sopa quase a ferver. No Verão, para quem aguentar a temperatura ambiente, pode-se degustar tranquilamente uma refeição que, por mais tempo que se demore, a comida nunca fica esfria. O pior são os gelados, mas também não se pode ter tudo.