Apoiar caloteiros? Não, obrigado!
Não comungo da ideia, que se tenta fazer passar para a opinião pública, segundo a qual as taxas de juros praticadas pelos bancos na concessão de créditos estão extraordinariamente elevadas. Nomeadamente no que diz respeito ao crédito à habitação.
Para além de lidarem mal com os números e revelarem uma notória dificuldade em fazer contas, os portugueses denotam uma falta de memória confrangedora. As taxas de juro nos anos oitenta, mesmo para compra de casa e já deduzidas de todas as bonificações que então o Estado concedia, escreviam-se com dois dígitos. O que, para quem tenha fracas noções de aritmética, significa que eram sensivelmente o dobro daquilo que são hoje.
Possivelmente, muitos daqueles que têm dificuldades para cumprir com o pagamento das prestações adquiriram casas de dimensões e preços desajustados do seu rendimento. Não contentes com isso terão recorrido ao crédito para comprar uns quantos bens, de que provavelmente nem necessitariam, ou apenas para satisfazer caprichos e futilidades.
Nestas circunstâncias, desagrada-me que alguns exijam do governo medidas de apoio a estas pessoas. Parece-me pouco sensato, e é seguramente injusto, ser agora o Estado, ou seja todos nós que não temos culpa nenhuma, a suportar os desvarios, vaidades e manias de uns quantos caloteiros que andaram durante anos – e alguns ainda continuam – a armar ao pingarelho.