Alarvidades
Se há coisa que me indigna – e o que não falta são cenas que me indignam – é a indignaçãozinha selectiva. Ou seja a ofensa que suscitam certas situações e a indiferença que outras provocam. Por mais semelhantes que sejam entre si. Como, por exemplo, as declarações de dois banqueiros que, nos últimos dias, resolveram dizer coisas. Um, o que mencionou o elevado padrão de consumo dos portugueses, foi duramente criticado por tudo e todos. O outro, que lamentou os juros pagos pelo Estado nos certificados de aforro, não mereceu a mais leve critica.
Este comportamento é suficientemente revelador da ignorância generalizada de que padecem os comentadores das redes sociais e dos portugueses em geral. Criticam e indignam-se com declarações que mais não são do que a constatação de um facto – o padrão de consumo – e não se chateiam com uma opinião – a supostamente elevada taxa de remuneração dos certificados de aforro – que tresanda a alarvidade. Das duas uma, ou são parvos ou não sabem fazer contas. Vou de dupla.