Água é vida
Só quem nasceu ou vive há muito no Alentejo entende a satisfação que dá ver os regatos a correr. Nasci e cresci entre estes dois ribeiros. Quando era gaiato – já lá vão quase trezentos anos – corriam, com maior ou menor caudal, entre Novembro e Abril. Agora isso apenas acontece esporadicamente. Quando chove durante alguns dias seguidos e com uma intensidade acima da média. Ou seja, muito raramente. Passam-se anos consecutivos sem que por ali escorra uma pinga de água. E esta, mesmo assim, vai ser de pouca dura.
Os especialistas especializados na especialidade terão, de certeza, uma explicação que não deixará de envolver as alterações climáticas, a pressão urbanística ou outra qualquer acção maléfica praticada pelo homem*. Neste caso em concreto, como por aqui não existe pressão urbanística nem tenho conhecimento de patifarias que envolvam a destruição destas linhas de água, a culpa só pode ser da irritabilidade do clima. Embora em matéria de irritação a minha não seja menor quando penso que toda esta água vai acabar no mar.
*Não sei se sou só eu que reparo que quando estão em causa acções pouco abonatórias para a humanidade não se pratica aquela coisa da linguagem inclusiva...