Adoro os impostos dos outros...
Os portugueses gostam de impostos. Nomeadamente do IRS. Num país onde muito mais de metade da população escapa a esse tributo, não surpreende que assim seja. Os políticos, os nacionais e os locais, jogam com esse sentimento e têm ao longo dos últimos anos esticado a corda a seu belo prazer. Os primeiros, subindo a taxação sobre os rendimentos como muito bem lhes apetece e os segundos não prescindindo nem de uma migalha da fatia que lhes é destinada.
O Costa, como político experiente que é, sabe melhor do que ninguém jogar com esta mesquinhez. Daí que venha agora prometer uma baixa no IRS e, como já o fez noutra ocasião, acabe por, com sorte, a redução se ficar por valores meramente residuais. Daqueles que não dão nem para um café por mês ou uma carcaça por semana. Só para usar um termo de comparação que o pessoal da esquerda percebe.
Li um número relativamente significativo de comentários produzidos a propósito destas declarações do primeiro-ministro. Acredito que constitua uma amostra, mais ou menos fiável, do pensamento dos portugueses. A conclusão a que chego expressei-a no inicio do texto. Somos um povo que temos um carinho especial por impostos. Queremos cada vez mais despesa e temos uma imaginação prodigiosa para sugerir novos impostos que financiariam as nossas divagações. Daqueles que apenas seriam os outros a pagar, nem preciso esclarecer. Que isto a malta padece de iliteracia financeira aguda, mas não é parva.