E, já agora, um guizo, não vá ficar sem rede...
Já escrevi noutras ocasiões que em situações de crise segue-se o líder sem levantar objeções ou questionar as suas decisões. O que houver para discutir, nomeadamente se as opções foram as adequadas ou não, vê-se depois. Havia de ser bonito, numa batalha, os soldados questionarem a estratégia do general.
É nisto que estamos. Numa batalha. E até aqui a maioria da população tem cumprido aquilo que os “generais” têm decidido. Mas convém que não abusem. Senão, como na guerra, as deserções multiplicam-se. Esta ideia de tornar obrigatória – ainda que em determinadas circunstâncias e apenas para certos grupos populacionais - uma aplicação para telemóvel, ultrapassa em muito as fronteiras do razoável. Não vou entrar em considerandos, como já por aí li, acerca do preço pouco acessível dos aparelhos que permitem o uso desses aplicativos. É do conhecimento comum que quanto mais baixo o rendimento, mais alto o nível tecnológico do telemóvel. Nem, tão pouco, justificar com a pouca intuição dos mais velhos para lidar com essas coisas. Que esses, para o que lhes convém, sabem tudo. Limito-me apenas a considerar que, em democracia, a sua aplicabilidade é praticamente impossível.
Esta ideia, para além do mais, suscita-me duas questões inquietantes. A primeira é desconfiar que a obrigatoriedade do uso desta “app” terá uma finalidade económica. Aquilo, cheio daqueles anúncios irritantes que costumam acompanhar este tipo de produto, é coisa para render uns milhões em receita publicitária. Capaz de dar para uma TAP, uma CP ou um Novo Banco, assim por alto. A segunda inquietação tem a ver com futuras finalidades de aplicações desta natureza. Olha se eles, por exemplo, se lembram de uma cena assim parecida para combater a escassa natalidade...