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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

“Aos olhos da inveja todo o sucesso é crime.”

Kruzes Kanhoto, 16.11.25

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O Correio da Manhã chama hoje para a primeira página a “fortuna” dos ministros. Conclui, presumo que com muito espanto e bastante horror, que os dezassete ministros acumulam no seu conjunto um património total de quase vinte e um milhões de euros. Toda esta riqueza, entre outras coisas, incluirá prédios, terrenos, automóveis, acções ou depósitos bancários. Se, como informa o dito pasquim, apenas três ministras acumulam quase doze milhões restam apenas pouco mais de nove milhões para os restantes catorze. O que dará, em média, pouco mais de seiscentos e sessenta e quatro mil euros por cada um. Realmente um escândalo, como a noticia parece pretender dar a entender e como a mesma é comentada nas redes sociais por uma multidão de invejosos. Gente que, certamente, preferia ser governada por indivíduos com a conta-ordenado no vermelho, vivessem num Tê zero na Rinchoa e se alimentasse à base de latas de atum compradas em promoção.
A falta de noção é mesmo tramada. Como se alguém com um património dessa dimensão pudesse, mesmo em Portugal, ser considerado rico. Tanto assim é que, ainda não há muitos anos a segurança social pagava RSI a uma família de feirantes que tinha um milhão e setecentos mil euros no banco. Ou – uma história mais antiga - a uma outra que ganhou uma maquia choruda no Totoloto, mas que ainda assim continuava a receber o RSI “por não ter liquidez”, como justificavam as entidades “competentes” nessa coisa de distribuir o dinheiro que nos custa a ganhar.
Se há sentimento que me aflige é a inveja. Nomeadamente quando a mesquinhez envolve os pertences ou o sucesso dos outros. Neste caso nem sequer parece haver muito para invejar. A esmagadora maioria dos invejosos que hoje invectivaram os membros do governo, esturrariam todo esse património enquanto o Diabo esfrega um olho. E quando o Belzebu esfregasse o segundo já estariam endividados.

É só fumaça...

Kruzes Kanhoto, 15.11.25

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Tenho dificuldade em perceber o alarido que por aí anda por causa da greve, supostamente geral, que o Partido Comunista resolveu promover na sequência de mais uma hecatombe eleitoral. Não será a última. Hecatombe, greve geral patrocinada pelos comunistas logo se verá. Mas, escrevia, não se justifica tamanho basqueiro. O país não vai parar e tudo aquilo que ainda vai funcionando nos outros dias também funcionará nesse. Quando muito meia dúzia dos poucos comunas que ainda restam poderão paralisar as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, impedindo muita gente, nomeadamente os mais pobres, de ir trabalhar. Ou seja, os do costume a prejudicar, como sempre, os que mais precisam. Nada que incomode os mentores destas iniciativas, que têm tanto apreço por quem trabalha como o Ventura pelos ciganos. No restante país a vida continuará, como sempre, indiferente aos entusiasmos revolucionários. Na instituição onde trabalho o único sinal de greve será, quando muito, a presença pela manhã de dois ou três sindicalistas à porta do edifício. E, mesmo assim, por pouco tempo que eles não são parvos e o sindicalismo não lhes põe o pão na mesa. Como dizia o outro: “a luta é muito bonita, mas convém ser só até à bucha. Depois tenho mais que fazer”.

Em estando pago, pago está!

Kruzes Kanhoto, 13.11.25

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O pagode queixa-se de tudo. Agora, lá porque o governo anunciou a intenção de alterar a data de pagamento do IUC para o mês de Fevereiro de cada ano, surgiu um coro de lamentações, protestos e divagações várias. Pagar duas vezes em três meses é uma violência, vi eu escrito e ouvi, algo parecido, na televisão. Pagar impostos, sejam eles quais forem, é sempre uma violência. Mas, se o raio do imposto é anual, qual é a diferença? E depois é destas coisas, quem paga em Dezembro há já um ano que não paga. Daí que não tenha muito para se queixar.
O problema será, alegadamente, a falta de graveto. O que é pior. O “selo do carro” é uma parte ínfima, diria que até  a menor, dos custos que qualquer um tem de suportar com o automóvel. Reclamar da proximidade dos pagamentos é mais lamuria do que outra coisa. Não acredito que quem tem carro, por mais velho que seja, não tenha dinheiro para essa minudência.
Quando ouço estas queixinhas lembro-me sempre do tempo em que ganhava vinte e poucos contos por mês e me cobraram trinta e cinco de seguro. Uma quantia mais elevada do que aquela que recebi quando, um ou dois anos depois, vendi o carro. Perante os meus protestos o tipo da seguradora, provavelmente farto de me ouvir, atirou: “Não tem dinheiro para pagar o seguro?! Ná, você não tem é dinheiro para ter carro!”. Ficou-me cá.

Era um muro muito engraçado...

Kruzes Kanhoto, 12.11.25

Fez no Domingo passado trinta e seis anos que caiu o Muro de Berlim. Por incrível que pareça, o acontecimento passou despercebido nas nossas televisões, sempre tão zelosas em assinalar efemérides de gloriosa irrelevância. É natural, pois para as redacções actuais a queda do muro continua a ser um trauma mal resolvido. Um daqueles episódios infelizes em que a realidade insistiu em destruir mais um “paraíso na Terra”.

Seja pelo silêncio em torno deste tema, por burrice ou por ser o que lhe ensinam em casa ou no partido, uma jovencita comunista partilhou um texto sobre a queda do muro onde, a linhas tantas, considerava que “o muro foi construido para impedir que os alemães migrassem em massa de Berlim Ocidental para Berlim Leste. Goste-se ou não foi assim.” Numa primeira leitura, até pela falta da virgula, acreditei que se tratava de uma conta paródia a escrever piadolas. Só que não. A menina está convicta da sua verdade e, por mais que inúmeros comentadores a chamem à razão, não se “desmonta da burra”. Nem o facto de as pessoas terem corrido para o lado de cá a demove. 

É neste caldo de estupidez mascarada de inteligência que se revela o papel miserável da comunicação social actual. Um jornalismo que já não informa, catequiza. Que não questiona, lambe. Que vê na miséria planificada da RDA um modelo de justiça social. É chato que o povo prefira o “inferno capitalista” à alegria cinzenta das filas para comprar manteiga, mas, c'um catano, se tanto apreciam o encanto da RDA, façam o favor de a reconstruir no vosso quintal. Um muro, uma cancela, ração mensal e vigilância da vizinhança. A experiência será educativa. E, melhor ainda, não incomodam ninguém.

Ah e tal...fake news e isso....

Kruzes Kanhoto, 11.11.25

A BBC foi, durante décadas, um farol da informação credível. Um daqueles nomes que se dizia com respeito, quase com reverência. Hoje, a dúvida sobre se ainda o é tornou-se mais do que legítima, é inevitável. Se fazem aquilo com o Trump — que, convenhamos, é “apenas” o Presidente do país mais poderoso do mundo e aliado histórico do Reino Unido — imagine-se o que não farão com um Zé-Ninguém desta vida, o borra-botas do costume ou qualquer outro desafinado com a partitura ideológica da moda.
O pior nem é isso. O pior é que, se uma estação com os pergaminhos da BBC já torce a informação como quem espreme um limão seco, não se pode esperar que os seus congéneres pelo mundo fora façam diferente. É o festival da manipulação, cada qual a tentar impingir ao público as percepções mais convenientes. Aliás, só um ceguinho — daqueles que se esforçam mesmo muito para não ver — é que ainda acredita na independência e na imparcialidade da imprensa ocidental. E, muito menos, no profissionalismo dos jornalistas que a servem.
Por cá a comunicação social nem se dá ao trabalho de esconder o que a move. A isenção morreu e ninguém se deu ao trabalho de fazer o funeral. Basta abrir o jornal da minha terra. Deve ser por isso que não faltam figurões a clamar pelo controlo das redes sociais e, se possível, pelo seu fim. Eles lá sabem porquê. E nós também.

Operação betoneira

Kruzes Kanhoto, 07.11.25

Nunca gostei de lugares donde não possa sair rapidamente se isso for coisa que me apeteça. Não podia, caso tivesse nascido palestiniano, dedicar-me à tão nobre missão de aterrorizar. Andar metido em túneis não é para mim. No entanto, a malta de lá tem um fraquinho por essas actividades. Diz que gostam tanto ou tão pouco daquilo que apesar da guerra ter acabado – mais ou menos, pronto – preferem manter-se nos subterrâneos apesar das IDF insistirem que isso não é uma grande ideia. Nomeadamente porque, para além da humidade e da falta da luz solar, aquilo está a ser inundado com água do mar e selado com toneladas – muitas, segundo os relatos conhecidos – de cimento. Cento e cinquenta terroristas terão ficado lá dentro. Não se sabe ao certo em que condições. Nem, sequer, se entre o material armazenado, destinado à prática do terrorismo, restam ainda escafandros, escopros, martelos ou, vá, uma bomba que lhes acalente uma vaga esperança de evacuar a área.
Apesar das noticias acerca do assunto serem contraditórias, há quem acredite que os israelitas sabiam da forte probabilidade de existirem criaturas – ainda que desprezíveis - no interior. Por mim, prefiro pensar que taparam o buraco errado com as pessoas certas lá dentro.

Borlas, borlas e mais borlas...

Kruzes Kanhoto, 05.11.25

Parece que o Partido Socialista terá apresentado uma proposta de alteração ao Orçamento de Estado para 2026 visando a criação de um regime de isenção de portagens, nos troços da A2 e da A6 que atravessam o Alentejo, aplicável a residentes e empresas com sede na região. Trata-se, ao que julgo saber, da única via que atravessa o país em que se paga portagem. Uma discriminação contra a qual me manifestei em diversos posts neste blogue ao longo dos últimos anos. Assim que me recorde, o PS terá estado – em geringonça e sozinho – cerca de nove anos no poder. Torna-se evidente que, para bem do país, é imperioso que fique muitíssimos mais fora dele. É que governa muito melhor quando está na oposição.

A esquerda portuguesa rejubila com a eleição do socialista/esquerdalho/muçulmano – um tipo cheio de defeitos, portanto – para presidente daquela cidade que, há vinte e quatro anos, sofreu o maior atentado terrorista de que há memória. Cometido, convém nunca esquecer por uma quadrilha de muçulmanos. Fica-lhes bem esta alegria. Até porque o homem promete implementar uma quantidade de medidas muito do agrado da malta da canhota. Algumas, confesso, também as considero bastante aprazíveis. Nomeadamente aquelas que envolvem congelar rendas e criar uma rede de mercearias municipais. De certeza que vai correr bem…

Não se metam com o mercado...perdem sempre!

Kruzes Kanhoto, 04.11.25

Diz um estudo qualquer — muito citado por cá nos últimos dias — que Portugal é o nono país da Europa com mais trabalhadores em risco de pobreza. Talvez seja. Apesar disso, haverá certamente outros indicadores em que estaremos ainda piores. No fundo, tudo em linha com o nosso honroso lugar no ranking do PIB per capita.

Deve ser a pensar nisso que o PCP propõe, no âmbito da discussão do Orçamento do Estado, um aumento do salário mínimo para mil e cinquenta euros mensais. Por mim, parece-me bem. Até podia ser mais. O mercado, que é um gajo esperto, depressa se ajustará a esse novo valor e o salário mínimo continuará a valer tanto como agora. As pastelarias e os restaurantes aumentarão os preços para compensar os custos, os senhorios darão mais um esticão nas rendas e, em geral, tudo subirá para refletir o novo “poder de compra” dos bolsos do consumidor. Ou seja, ficará tudo na mesma. Talvez um bocadinho pior. Sobretudo para todos aqueles que ganham apenas um pouco mais, os deserdados do regime. Uma imensa maioria que, com os seus impostos, sustenta estes devaneios e que, a cada demagógico e populista aumento do salário mínimo, vai ficando um pouco mais pobre.

Malucos...

Kruzes Kanhoto, 02.11.25

Pela Europa os esfaqueamentos seguem a bom ritmo. É a vida. Os europeus têm de se habituar. Mais do que isso. Têm de respeitar as civilizações – há quem insista em considerar esse modo de vida uma civilização – onde esfaquear quem não segue a mesma ideologia religiosa é uma cena comummente aceite. Há, apesar dessa ideologia ser incompatível com o nosso modo de vida, que respeitar o sagrado direito a esfaquear pessoas. Mas nada temeis, os governos locais reagem sempre com firmeza e condenam veementemente o sucedido. Seja lá o que for que isso queira dizer. No entretanto garantem, invariavelmente, que se trata de um acto isolado perpetrado por um maluco qualquer. Tal como foram todos os outros cinquenta e quatro mil cometidos no ano passado em território europeu. Isto enquanto prossegue a bom ritmo a caça a todos os que incitam ao ódio contra os esfaqueadores sugerindo, nas redes sociais ou de viva voz, que vão esfaquear para a terra deles.

Por falar em malucos. Ontem estavam quatro a debater – sendo que um é jornalista e devia abster-se dessas lides – quando um deles resolveu abandonar o cenário. Sinto-me dividido acerca da opinião a adoptar perante o sucedido. Se siga a doutrina Prata Roque, segundo a qual sair é acto de coragem e contribui para a elevação do debate político ou a doutrina Rodrigo Taxa que, garante, abandonar é cobardia. Mesmo não sendo adepto da violência estou indeciso e quase inclinado para uma terceira via. Partir-lhes os cornos. Há quem esteja mesmo a pedi-las.

Limpem o cocó dos vossos filhos, pá!

Kruzes Kanhoto, 01.11.25

 

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Noutros tempos — quando eu vivia no campo e a sanidade mental ainda não era artigo de luxo — os meus cães passavam largas horas do dia sem que eu soubesse do seu paradeiro. Os meus e os da restante vizinhança. Faziam a vidinha deles e ninguém se ralava com isso. 

Hoje, graças à epidemia de maluqueira que tomou conta das pessoinhas, um pobre cão já não pode ir dar uma volta — nem que seja até ao fundo da rua para esticar as patas — sem que um palerma qualquer decida que o bicho está perdido, abandonado ou em risco de depressão. Segue-se, invariavelmente, o alerta dramático para o Facebook, a que se sucede uma procissão de almas caridosas que partilham a preocupação. Centenas de malucos em desespero por causa de um rafeiro que só queria cheirar uma árvore.

Curiosamente, os mesmos anjinhos que entram em histeria com o cão alegadamente abandonado não se impressionam com os cagalhões que os seus próprios bichos vão deixando nos passeios. Estão habituados a conviver com isso, lá em casa. E o mais giro é que estas oferendas fecais são deixadas sob o olhar atento e complacente dos donos. Gente que se indigna com um penico deixado ao lado do contentor, mas acha perfeitamente natural não apanhar a merda que o seu filho peludo largou no espaço público. Ora, se o animal é mesmo um membro da família ou, segundo alguns, o rebento de quatro patas então cumpram o vosso dever de pais e limpem. Tal como limparam - espero eu - a do irmão pelado.