Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

A lógica da batata

Kruzes Kanhoto, 28.06.25

1751123275651.jpg

Uma inusitada falta de batatas, um dos alimentos mais consumidos do país, tem estado a afectar a Bielorrússia. Obviamente que a ausência do popular tubérculo do mercado bielorrusso nada terá tido a ver com a política de controlo de preços adoptada pelo governo local. Aliás, já dizia o outro, a melhor maneira do preço não subir é não permitir que o preço suba. Ou, se não dizia, pode passar a dizer que eu não me importo nem cobro direitos de autor.

A culpa da escassez de batatas só pode ter sido dos capitalistas donos dos supermercados. Os patifes – uns fachos, está bem de ver – não quiseram vender mais barato do que aquilo que os produtores lhes vendiam. Os agricultores, por sua vez, feitos gananciosos mostraram-se relutantes em vender abaixo do custo de produção. Vai daí, uns deixaram de produzir e outros procuraram novos mercados. O russo, por exemplo, que está mesmo ali ao lado e compra ao triplo do preço.

Ninguém diria que o facto do Estado intervir no mercado, nomeadamente ao fixar os preços de bens ou serviços, levaria à sua escassez ou mesmo à rutura quase total da oferta. Bom, ninguém é uma força de expressão. Por cá, hoje há não sei quantas manifestações a exigir a fixação do preço das casas para venda e arrendamento. Fixem, fixem, que vai correr bem.

Cenas que m'atormentam...

Kruzes Kanhoto, 26.06.25

Existe uma praga de "criadores de conteúdos digitais" no Facebook. Obviamente que não criam nada. São apenas uns idiotas que assim se auto-intitulam. A maior parte deles não passam de matarruanos que mal sabem ler e escrever. Deve ser moda colocar essa coisa no perfil, naquela parte do trabalho e formação. Outros, menos chatos e igualmente parvos, “trabalham” na Zara e, ainda outros para o bronze. Os mais honestos, estes últimos, pois ao menos não enganam ninguém acerca da pouca apetência para o labor.


Há quem se ria dos iranianos por festejarem nas ruas das suas cidades – com caravanas automóveis e outros festejos mais ou menos ruidosos e efusivos – a alegada vitória na guerra dos doze dias contra Israel e na de dia e meio com os Estados Unidos. Não gozem com as criaturas, pá. Afinal nós, portugueses também somos assim. Ainda me lembro quando, de norte a sul, festejámos a derrota contra a Grécia na final do Europeu de 2004. O que ainda foi mais parvo. Eles, os iranianos, pensam que ganharam, mas nós sabíamos que tínhamos perdido.


Entretanto, por falar em parvoíces, discute-se a eventual relação entre a morte de uma pessoa e a greve do INEM. Assim de repente parece-me que faria muito mais sentido debater se juntar emergência médica e greve na mesma frase é coisa de gente sensata. Desconfio que não, mas isso sou eu que aprecio pessoas ajuizadas e instituições que servem para cuidar da população.

O PCP vai concorrer às eleições no Irão?

Kruzes Kanhoto, 25.06.25

Prioridades cada qual – pessoas ou organizações - estabelece para si as que muito bem entende. Tem, depois, é de conviver com as suas escolhas. A esquerda escolheu as que não importam nada à generalidade dos portugueses e, em consequências delas, teve os resultados eleitorais mais miseráveis de sempre. Contudo continuam a achar que estão certos. Só falta, mas acho que ainda o vão fazer, terem o descaramento de dizer que o povo é que está errado.

O Partido Comunista é disto um bom exemplo. Através da sua organização sindical realizou uma manifestação contra Israel, a Nato e a favor do Irão. Também já fez outras a favor da Palestina e outros assuntos estranhos aos fins para que foi criada e nada relacionados com os interesses daqueles que pagam as quotas sindicais. O que ainda não fizeram – isso, de resto, não são assuntos que interessem aquela gente – foi manifestações contra os impostos que levam parte substancial do ordenado de quem trabalha. Coisa que pouco lhes importa, como despudoradamente reconhecem. Não é de admirar que aos trabalhadores e ao povo – como eles dizem – as prioridades do PCP, da CGTP e das restantes associadas do grupo também não interessem nada. Na última manifestação estiveram escassas dezenas de criaturas. Menos que os corpos gerentes daquilo…

Indignação selectiva

Kruzes Kanhoto, 22.06.25

Anda tudo muito sensível. Ou, talvez mais apropriado, intolerante. Seja o que for que se diga - ou escreva – surge sempre alguém a ficar indignado com o que foi dito ou escrito. Proliferam as brigadas da virtude, permanentemente à caça de qualquer dichote que não lhes agrade para derramar ódio e ridicularizar o seu autor. Parece que já nem se pode utilizar a expressão “raça lusitana”, para enaltecer os feitos dos portugueses, sem que isso ofenda uma infinidade pessoas. Bom, infinidade é uma força de expressão. A julgar pela representação parlamentar e eleitoral das famílias políticas dos ofendidos, não serão assim tantos. Uma minoria, bem vistas as coisas. Ruidosa, sim, mas cada vez mais minoritária, irrelevante e, lamentavelmente para a democracia, cada vez mais esquizofrénica.

Os ofendidos, curiosamente, são os mesmos que não se chatearam nadinha quando um grunho qualquer, um racista oriundo do Senegal que se tornou português, falou da “necessidade de matar o homem branco”. Uma metáfora, obviamente. Tal como isso da “raça lusitana”. Por este andar, mais tarde do que cedo, Luís de Camões será considerado um poeta racista, xenófobo, imperialista, quiçá de extrema-direita e acabará por ser cancelado. É só a esquerda, para desgraça de todos nós, regressar ao poleiro. Longe vá o agoiro!

Liberdade para escolher

Kruzes Kanhoto, 21.06.25

Tenho dificuldade em perceber a hostilidade que causa a muita gente a intenção do governo liberalizar a maneira como são pagos os subsídios de férias e Natal. A possibilidade do trabalhador escolher se recebe esses montantes em duodécimos ou continua a recebê-los como até aqui, tem suscitado, da parte de muita gente, uma inusitada indignação. Vá lá saber porquê. Vai ser, se o governo levar a ideia por diante, apenas dada a possibilidade de escolha. Ninguém será obrigado a nada.

Num país de ignorantes e de gente que não sabe gerir o dinheiro que ganha, outra coisa não seria de esperar. Que sejam incapazes de estabelecer prioridades e que necessitem que o patrão lhes faça um mealheiro para pagarem as férias, o IMI ou as compras de Natal é lá com eles. É mais ou menos o mesmo com o IRS. Preferem descontar mais todos os meses porque são incapazes de gerir o fluxo monetário que lhes chega à conta ou à carteira. Desde que não me aborreçam, pouco me importam estas opções de vida. Espero é que desta vez, com a esquerda longe do poder, possa ser concedida liberdade de escolha a quem pensa diferente. Por mais que argumentem, nesta matéria, são apenas esses dois conceitos que estão em causa. Liberdade e escolha.

Chamem o Putin...

Kruzes Kanhoto, 18.06.25

Um pasquim, que noutros tempos foi um jornal à séria, escreve hoje na sua primeira página que a “Europa está preocupada com o discurso de ódio e neonazis em Portugal”. Pode, até, ser verdade. Depende é de que “Europa” se está a falar. Se calhar, nalgum gabinete de Estrasburgo ou Bruxelas, haverá alguém que para se entreter ou justificar o ordenado manifestará este tipo de preocupação. Nas capas da edição deste dia dos jornais mais conhecidos dos principais países europeus não existe a mais pequena referência a Portugal. Nem sobre aquele assunto nem sobre outra coisa qualquer. Como é, de resto, habitual. A Europa não quer saber de nós para nada. E, desconfio, ainda menos de meia-dúzia de idiotas que gostam de brincar aquilo do “Pedro e o lobo”. Aqueles parvos a quem não serviu de lição a multiplicação por sessenta dos deputados daquele partido que têm ajudado a crescer.

Voltando aos jornais, em Espanha as manchetes vão para o escândalo de corrupção a envolver o Primeiro ministro socialista e o PSOE – que faz José Sócrates parecer um menino de coro - e no Reino Unido para o caso das violações de milhares de meninas abafado durante anos pelo governo local. Obviamente, noticias que não interessam nada à comunicação social tuga. Apenas teriam interesse noticioso se as origens dos criminosos, num e noutro caso, fossem aquelas que importam ao activismo jornalistico.

Finalmente, ainda a propósito da overdose das noticias acerca da extrema-direita em geral e nazis em particular com que andamos a ser massacrados, começo a acreditar que estará a ser montada uma tramoia inspirada naquele clube que, aqui há uns anos, ficava sempre nos últimos lugares da classificação, mas nunca descia de divisão. Os jogadores não jogavam nada, mas o departamento jurídico era tão bom que, por mais que a equipa perdesse em campo o clube ganhava sempre na secretaria fazendo com que outro baixasse de divisão em vez dele. Não sei porquê, mas parece-me que alguém está a querer ganhar num tribunal qualquer o que perdeu nas urnas de voto. Com a exasperante lentidão da justiça se calhar é mais rápido chamar o Putin para desnazificar isto.

Mas, afinal, há ou não insegurança? Decidam-se, porra!

Kruzes Kanhoto, 16.06.25

Desde há muito que a esquerda e a comunicação social procuram convencer os portugueses da existência de uma realidade que apenas existe nos ecrãs da televisão. Ainda me lembro, até porque não foi assim há tanto tempo, de toda a gente com voz nas Tv’s nos garantir que Portugal é um país seguríssimo, eram apenas “falsas percepções” e “injustificadas sensações de insegurança”. Ambas alimentadas pela extrema-direita, está bem de ver. Três meses depois – ou nem isso – os mesmos repetem agora que estamos no “país do medo”. Para esta drástica mudança de atitude bastou apenas um palerma perdido de bêbado ter dado – se é que deu, porque até agora ninguém viu a alegada vitima com as trombas deitadas abaixo – uns tabefes num actor qualquer. Que, vá lá saber-se porquê, nem se terá defendido do alegado agressor. E sendo verdade essa coisa da bebedeira, era capaz de nem ter sido muito complicado fazê-lo pois indivíduos nessas circunstâncias costumam ter alguns problemas ao nível do equilíbrio.

Terá sido este “medo” que levou a esquerda – que é como quem diz umas dezenas de desocupados, aqui ou ali - a sair à rua. Contra o fascismo, dizem eles. Uma ameaça que, garantem, é real e está ali ao virar da esquina. Por acaso hoje passei a várias esquinas e não me deparei com ninguém a ameaçar fosse o que fosse. Numa estava uma senhora idosa a fazer festas a um gato. Na altura nem a velhota nem o bichano me pareceram fascistas, mas depois de refletir melhor e como nisto do fascismo a esquerda e as televisões é que sabem, acho que a velha tinha um bigode à Hitler e quase ia jurar que a ouvi chamar o cabrão do gato por Adolfo.

Entretanto um comerciante estrangeiro foi assassinado por três “jovens”. O nome fofinho que a comunicação social atribui aos meliantes. Ao que sei ainda não foi marcada nenhuma manifestação contra o racismo, a xenofobia, o medo e restante lengalenga. Nem, tão pouco, a Leitoa, a Mortágua, o Raimundo e os activistas do costume foram distribuir cravos lá pela zona do assassinato. Sou eu que não estou atento às noticias ou é apenas a habitual hipocrisia dessa gente?

Há dias assim...

Kruzes Kanhoto, 11.06.25

O PCP já está naquela fase em que, pela sua insignificância, tem alguma piada. Pode dizer e fazer o que quiser que não suscita outra reacção para além de um encolher de ombros. Esta da “coragem para enfrentar a direita”, vinda de um partido que representa 2,91% dos portugueses, é hilariante. Ou ridícula, para quem tem ainda menos sentido de humor do que o PCP deputados no parlamento. Numa altura em que a direita tem cento e sessenta deputados, um slogan destes faz lembrar aquela coisa do catarro da formiga. O que pode ser mau. Se as autárquicas correrem mal e os comunistas perderem um número significativo das poucas Câmaras que ainda possuem, é capaz de ser uma chatice continuar a arranjar fundos para o tratamento da garganta…


Os discursos da escritora e do senhor Sousa, durante as comemorações do 10 de Junho, têm suscitado enorme entusiasmo entre as criaturas bem-pensantes. A converseta, ao que parece, envolveu a pureza do sangue não sei de quem e isso. Coisa que, vá lá saber-se porquê, desagradou a outros. Por mim, já que era para falar de sangue, tinham convidado o Drácula.


Entretanto um actor foi malhado à porta da sala onde ia representar uma peça. Tratou-se de um acto condenável e sobre isso nem há discussão possível. Desta vez, ao contrário do que acontece noutras ocasiões em que é exercida violência, foram de imediato conhecidas as conotações políticas, as motivações do agressor e estabelecidas as mais variadas associações a grupos ou ideologias. Da próxima vez em que automóveis atropelem multidões, facas ataquem pessoas aleatoriamente, espingardas desatem a disparar e contentores ou autocarros ardam descontroladamente certamente iremos assistir nas TV’s a igual rigor na apreciação das ocorrências.

Dia de Portugal

Kruzes Kanhoto, 10.06.25

semaforo.jpg

Nunca fui muito dado a essa coisa do patriotismo. Deve ser por isso que, ao contrário da esmagadora maioria dos portugueses, os sucessos ou insucessos da equipa da FPF não me suscitam grandes emoções. Faz-me, até, alguma confusão como é que alguém que não faz a mais parva ideia do que é um fora de jogo pode ficar quase histérico quando joga a selecção. Mas ainda bem que assim é. Pelo menos quando o Putin - ou outro maluco qualquer – se lembrar de nos invadir as forças armadas não terão falta de militares para defender o país. Mesmo os que já não tiverem idade, nem condições para se alistarem na tropa, de certeza correrão a voluntariar-se para servir na defesa civil e defender o território que é nosso. Com tanto fervor patriótico como o que tenho visto desde o fim de semana, tenho a certeza que qualquer inimigo bate de imediato em retirada. Ou, na hipótese de serem parvos o suficiente para persistir na tentativa de nos ocupar, atropelamo-los nas passadeiras. Patrioticamente.

Em Gaza, por exemplo, não têm estes problemas...

Kruzes Kanhoto, 08.06.25

vvvvvvvv.jpg

Há quem ainda não tenha digerido os resultados das últimas eleições. Três semanas depois já era tempo da azia ter passado. A mim, das muitas vezes que ganha o PS, abala-me mais depressa. Mesmo que continue a achar que quem optou por esse partido fez uma opção que não foi a melhor para o país e que a mesma é prejudicial para os interesses dos portugueses em geral. Mas, sejam quais forem os resultados eleitorais, há que respeitar a vontade do povo e quem não a respeita também não merece ser respeitado. Os eleitores escolhem quem querem e votam em que muito bem lhes apetece. Chama-se democracia, ou lá o que é.

Ocorre-me este arrazoado por causa de uma conversa – na verdade foi mais um monologo, porque a criatura pôs a “espingarda à cara" e ninguém a calava – que tive na semana passada na sala de espera de uma clínica. A boa da senhora – boa é uma força de expressão, obviamente – ainda estava possessa por o Chega ter vencido as eleições aqui no concelho. Perante uma audiência de mais de uma dúzia de pessoas chamou de tudo aos eleitores cá da terra. E nem quando eu – feito parvo, devia era estar calado como os demais – lhe tentei, alarvemente reconheço, lembrar que o sol continuaria a nascer no mesmo lugar e nós a receber o ordenado no mesmo dia a coisa melhorou. Acho até que piorou. A sorte, pelo menos a minha, é que entretanto fui chamado pela enfermeira.

Ou seja, o povo apenas está certo e as pessoas são inteligentes e merecedoras de respeito quando pensam da mesma maneira que nós. Caso contrário são umas bestas. Não tem mal nenhum que uns quantos pensem assim. Nem que o verbalizem. Afinal, há vozes que por mais alto que vociferem não chegam ao céu. Ou, como diria a minha avó a propósito daqueles que exibiam uma alegada superioridade moral em relação aos demais, “gaba-te cesto, que estás todo roto”.

Pág. 1/2