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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Desmotivações

Kruzes Kanhoto, 31.08.24

Apesar de não serem divulgadas noticias acerca do assunto, os ataques isolados esporádicos, perpetrados por dementes, bêbados e outros loucos sem motivação conhecida sucedem-se quase diariamente por essa Europa fora. À facada, principalmente, que os objectos cortantes em geral e as facas em particular, constituem um dos objectos preferidos daquela malta que, apesar de não saber ao certo porquê, sai para a rua e desata a tentar matar pessoas. Mas não se pode noticiar, não vá o europeu comum chatear-se e começar a achar que não chega a gozar a reforma que o tipo que o esfaqueia sem motivação lhe há-de pagar.

Por falar em gente esquisita e desmotivada. O que é frequentemente noticiado é a falta de motivação para regularizar as contas por parte de gente alegadamente famosa. Li hoje, já não sei onde, que há para aí mais um alegado famoso que, entre outras coisas, não paga a renda há uns anitos. Estranhamente ainda não foi posto na rua. O desgraçado alega que não tem dinheiro. Acontece a muita gente. Nomeadamente a quem gasta mais do que aquilo que ganha. Não tem mal nenhum, essa parte de esturrar tudo e mais alguma coisa. Errado é fazê-lo e pretender que os outros o sustentem. Ou, alberguem. A falta que faz por cá um Desokupa...

Mentir até que se torne verdade

Kruzes Kanhoto, 29.08.24

Maria Luís Albuquerque o rosto da Troika?! A sério? Uma das vantagens de um gajo ser velho é ter vivido os acontecimentos que políticos e jornalistas, que à data dos factos ainda andavam de cueiros, pretendem agora adulterar e reescrever da forma que lhes dá mais jeito. A chatice, para além da memória dos que ainda se lembram daquilo que se passou há treze anos, é essa coisa das redes sociais e da IA. As tais invenções que é preciso controlar porque destroem a democracia, topam?


Eu só sei compor em liberdade” é o nome de um Podcast – seja lá isso o que for – onde vai muita gente que se dedica a actividades, alegadamente, artísticas. Nunca saberemos o que tipos como Ary dos Santos e outros grandíssimos nomes do meio artístico, que souberam compor no tempo da ditadura, pensariam disso. Por mim penso o óbvio. É a diferença entre os bons e os outros. Uma espécie de meritocracia artística, no caso.


A esquerda portuguesa e restantes “wokistas” em geral andam entusiasmados com a perspectiva da tal Kamala vencer as eleições americanas. De tal maneira que quem não se declara inequívoco apoiante da senhora é de imediato rotulado de fascista ou o que calhe a ocorrer no momento a esses desmiolados. Por mim, apesar de não ligar peva à política interna americana e mudar de canal quando o tema é abordado nas televisões, também prefiro que vença a candidata ligeiramente menos escura do que eu. É que, como garantia a minha avó, burro velho não aprende linguagem e a mim não me apetece aprender russo.

Liberalidades

Kruzes Kanhoto, 28.08.24

O líder do PS está manifestamente desagradado com as novas tabelas de retenção na fonte, publicadas pelo ministério das finanças, na sequência da baixa de IRS engendrada no parlamento por socialistas e cheganos. Terá o governo, segundo o opositor-mor, ido longe demais. O que, argumenta, levará a que para o ano o reembolso seja menor ou, no limite, resulte imposto a pagar para alguns contribuintes.

Não sendo eu especialista da especialidade desconheço se o governo se terá esticado com o intuito de, momentaneamente, colocar mais dinheiro no bolso de quem trabalha por conta de outrem. Acredito que sim. Mas, se assim for, ainda bem. Continuo a achar que não tenho nada de começar em janeiro a adiantar ao fisco o dinheiro que apenas lhe tenho de pagar em Agosto do ano seguinte. Mas isso sou eu que tenho a veleidade de achar que devo ser eu e não o Estado a gerir o meu dinheiro.

Outra vantagem que resulta destas tabelas de retenção é que durante dois meses vamos todos poder viver, em termos de imposto sobre o trabalho, uma realidade próxima daquilo que defendem os perigosos liberais. Coisa que, para alguns, constituirá quase uma afronta. Onde é que já se viu colocar no bolso das pessoas o que dinheiro que lhes pertence?! Um horror, isso.

E você, tem a certeza que não é um super-rico?

Kruzes Kanhoto, 24.08.24

Anda muita gente embevecida, a começar pela comunicação social, com a ideia de se avançar com um imposto sobre os muito ricos. Como já está a fazer o governo socialista de Espanha, repete-se com ênfase sempre que se fala do assunto. Por cá, segundo as contas dessa malta, o fisco teria um encaixe a rondar os 3,6 mil milhões de euros. O que daria, ainda segundo os entusiastas da ideia, para gastar em imensas coisas. Em tudo menos para reduzir a carga fiscal sobre o trabalho ou a poupança. O que diz muito acerca dos que veem com agrado esta possibilidade.

Há, no entanto, qualquer coisa que está a falhar nestas contas. É que em Espanha esperavam obter com este imposto uma receita de três mil milhões, mas cobraram apenas 623 milhões. Ora, desconfio eu, o país vizinho terá mais mega-milionários e, quase de certeza, ainda com mais graveto que os nossos mega-milionários. Assim sendo como é que as criaturas que propõem este imposto estimam que a receita fiscal a obter seja cinco vezes superior à arrecadada em Espanha?! Das duas uma. Ou não sabem fazer contas ou, pior, o conceito de super-rico a aplicar por cá será muito mais abrangente. Se calhar é como aquilo dos prémios do Euromilhões ou de qualquer outra lotaria. Em ambos os países a taxa de imposto é de 20%, mas lá só são tributados acima de 40000 euros enquanto cá qualquer prémio superior a 5000 é logo taxado. Querem mesmo taxar os ricaços? Força nisso, mas depois não se queixem se receberem também a respectiva nota de cobrança...

Taxe-se...

Kruzes Kanhoto, 23.08.24

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As campanhas publicitárias que promoveram o turismo constituíram um sucesso. De tal maneira que agora, diz, temos turistas a mais. As hordas de estrangeiros que invadem as nossas cidades – só os ricos ou os que vêm com fins turísticos, os outros não fazem mal nenhum – trazem desassossego, desgastam as nossas infraestruturas, incomodam os cidadãos locais e contribuem para poluir o nosso estimado meio ambiente. Daí que o governo esteja a colocar entraves à sua vinda e grande quantidade de autarquias tenha resolvido cobrar taxas, algumas de valor completamente absurdo, a quem visita as respectivas localidades. Para compensar o que desgastam e sujam, justificam.

Este curioso principio de utilizador pagador ou de quem suja e incomoda paga por isso, revela no entanto um nível de incoerência assinalável. Não se aplica, por exemplo, aos donos dos cães. As esquinas e os passeios de qualquer cidade têm hoje este aspecto. No entanto ninguém considera apropriado criar uma taxa, de montante suficientemente desmotivador, sobre a posse de animais por parte de residentes em meio urbano. Se o argumento para a taxa turística é a conservação do espaço público e o transtorno que causam aos residentes, por maioria de razão um tributo idêntico deveria incidir sobre aqueles que contribuem para imagens degradantes como a da foto que acompanha este post. Não gosto de impostos, mas taxar o supérfluo – e os cães são uma coisa supérflua – seria do mais elementar bom senso. Mesmo que os portugueses, sempre invejosos dos proveitos alheios, achem que tributar os rendimentos é que é bom.

Obviamente que o dinheiro angariado com a tal taxa turística apenas servirá para encher os cofres das autarquias e esturra-lo da maneira da maneira que está à vista de todos. Os turistas, coitados, são apenas o pretexto. Já os cães continuarão a cagar livremente e a sujar paredes e passeios. É que, ao contrário dos turistas, os donos dos canitos votam nas respectivas terrinhas.

Ei-los que chegam...

Kruzes Kanhoto, 21.08.24

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Ao que me é dado observar, quase todos os dias chegam novos residentes – temporários ou permanentes – cá ao burgo. Para mim, que ando há anos a lamentar a desertificação desta e das outras terras do interior, é uma situação que encaro com agrado. Vêm para trabalhar e tratar da sua vidinha honestamente, espero. Especialmente naqueles trabalhos que os portugueses finórios não querem fazer ou nos outros para os quais não há mesmo gente em quantidade suficiente. E nada como vir preparado. Nomeadamente com a ferramenta e o colchão. No limite, como dizia o outro, pode até nem ser nada disso. Se calhar, como está agora em voga afirmar, é apenas uma sensação.

Nunca funcionou, mas...desta vez é que vai funcionar!

Kruzes Kanhoto, 19.08.24

Um jornal de hoje reproduz em titulo a afirmação “É preciso construir mais habitação pública para o Estado controlar a habitação”. De uma penada parecem ser aqui identificados duas questões. A implícita, que haverá um problema de habitação, e a segunda que existirá uma situação especulativa a envolver o sector. Como isso não me afecta, se calhar é porque não há problema nenhum. Mas, admitindo que haja, a solução preconizada é mais do que parva. É que essa ideia, como maneira de resolver os problemas da habitação, apenas resultou uma vez e num único país. Quando e onde? Nunca e em lugar nenhum, é a data e o local dessa alegada intervenção miraculosa. Quando foi tentada deu os resultados que todos, durante dezenas de anos, pudemos constatar.

Noutra vertente da coisa, pelo país inteiro são muitas as autarquias que “investem” na construção de habitações de cariz social. Apesar dos preços praticados ultrapassarem o ridículo – cinco ou dez euros, não raramente – e de, nesses bairros, os moradores ostentarem sinais exteriores de riqueza incompatíveis com o estatuto de “vulnerável”, “carenciado” ou outro qualquer em voga os valores das renda em divida atingem montantes inimagináveis para a esmagadora maioria dos opinadores. Se calhar, num exercício de cidadania e de escrutínio acerca da forma como se esturram os impostos dos portugueses, ficava-lhes bem indagaram a respectiva Câmara Municipal acerca destas coisas antes de mandarem postas de pescada.

Obviamente que quando se reivindica “habitação pública” não se está apenas a pensar nos alegados pobres. Pretende-se, também, que sejam incluídos aqueles que se convencionou chamar classe média. Que são, diga-se, tão caloteiros como os outros. Mas isso pouca importa a essa malta. Haverá sempre mais um imposto ou uma taxa para pagar esses desvarios.

Não é problema meu, logo não há problema

Kruzes Kanhoto, 17.08.24

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Sei, desde que o Kruzes é Kruzes, que o tema “IRS” é dos que mais desinteressa aos leitores que por aqui vão passando. É natural. Trata-se de um assunto que pouco importa à esmagadora maioria dos portugueses. Os que ganham à volta de novecentos euros ou menos, porque não os afecta e outros, ainda que tenham rendimentos bastante superiores, porque vivem à margem do sistema fiscal. Ainda bem para eles. Percebo que, por isso, para todo esse pessoal seja um tema desinteressante e aborrecido. A conversa acerca do preço dos combustíveis, da habitação ou das bolas de Berlim também me deixa profundamente entediado. Mas esperem pela pancada. Com o aumento vertiginoso e absolutamente irracional a que está a aumentar o salário mínimo, não tardará o dia em que, inevitavelmente, o SMN e as reformas a rondar esse valor terão de estar sujeitos a IRS. Sob pena de, em vez de metade dos portugueses não pagarem, passar para oitenta por cento o número de contribuintes que deixarão de o ser. Com a agravante de, então, passarem a ter direito a todo o tipo de apoios que magnânimo Estado-ladrão-social vai generosamente distribuindo. E aí quero ver quem é que o vai sustentar o monstro…

É pá, decidam-se!

Kruzes Kanhoto, 16.08.24

Ao que parece, segundo os estudiosos do assunto, as últimas reformas do IRS têm agravado as desigualdades salariais quando aquilo que se pretendia era que os maiores ganhos fossem para os escalões mais baixos. Confesso a minha ignorância, mas não estou a ver como é possível atingir esse desiderato. Sempre que existir uma baixa de IRS, como quem ganha o salário mínimo não é vitima desse roubo, ficará sempre mais distante, em termos líquidos, daqueles que pagam o dito imposto. A mim, que não sou de intrigas nem especial adepto da teoria da conspiração, o que me parece é que aquilo que se pretende é não reformar a sério o IRS e trazer as taxas para valores minimamente justos e razoáveis. Do ponto de vista destes especialistas da especialidade nunca poderá haver uma redução do imposto sobre o rendimento pois, por mais pequena que seja, ela agravará sempre a desigualdade entre quem paga e quem não paga. Ou seja, para quem ganha pouco só há uma maneira de aumentar o salário. É aumentar o salário. Já dizia o outro. E só há uma maneira de baixar os impostos. É baixar os impostos. Digo eu.

Chalupas

Kruzes Kanhoto, 15.08.24

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O Bloco de Esquerda – um partido ideologicamente aparentado aos regimes comunistas que vitimaram milhões de pessoas pelo mundo fora – quer saber o que pretende fazer o governo para desmantelar a milícia neonazi “Grupo 1143”. Que um pequeno partido, representando apenas quatro por cento dos portugueses, queira ver ilegalizado um grupelho de chalupas, do qual nem um por cento dos portugueses teriam antes ouvido falar, é coisa capaz de entrar para anedotário nacional. Já que um partido representado na Assembleia da República pretenda que sejam restauradas práticas usadas durante o regime que terminou com o 25A, parece-me extremamente preocupante. A resposta para situações desta natureza está na Constituição, que proíbe as organizações que perfilhem a ideologia fascista. Obviamente é ao poder Judicial que compete ilegalizar estas duas agremiações. Ambas, pelos vistos, nutrem admiração pelas práticas fascistas e uma ou outra fazem cá tanta falta como a fome.

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