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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Moda?! Tá bem, tá...

Kruzes Kanhoto, 30.06.24

Há quem garanta que Estremoz está na moda. Não sei se está. Nem a bem-dizer isso me importa muito. É que, assim de repente, não estou a ver em que essa alegada situação contribui para a minha felicidade. Pelo contrário, deve ser por isso e pela vontade de chular quem nos vem visitar atraído por essa fama que os comerciantes locais inflacionam os preços quase ao nível dos sítios verdadeiramente importantes no âmbito do turismo.

Começando pelo mercado de sábado, vi um molho minúsculo de beldroegas à venda por dois euros!!!! Para quem não sabe, trata-se de uma erva – uma praga, quase - muito apreciada na gastronomia alentejana, que nasce espontaneamente nas hortas e que não requer qualquer investimento nem ocupa tempo de trabalho. Depois o café. Paguei oitenta e cinco cêntimos por umas gotinhas que mal cobriam o fundo da chávena. Aliás, se a inclinasse via mesmo o fundo. Por fim um gelado. Uma bola equivalente a uma colher de sopa custou-me dois euros e meio. De realçar que nenhum dos dois estabelecimentos são especialmente “chiques”. São tascos absolutamente banais, daqueles que existem em todas as terriolas.

Serão, certamente, os custos de viver num local que alegadamente estará moda. Será, tudo isto, o mercado a funcionar. Certamente que sim. Nem eu quero que, como noutros tempos, seja o governo a fixar o preço da beldroega, da bica ou do gelado. Mas, digo eu, convinha ter juízo. É que não acredito ser possível aos comerciantes cá do sitio viver apenas dos que nos visitam. Se espantarem os clientes da terra praticando estes preços especulativos não lhes auguro grande futuro. E isto da moda é, como toda a gente sabe, uma coisa muito passageira...

Foge cão que te fazem banqueiro

Kruzes Kanhoto, 28.06.24

A banca portuguesa – ou a operar em Portugal, se calhar é mais rigoroso – constitui um exemplo de eficiência, modernidade e de outras cenas mais. Tem quem lhe pague os prejuízos e salve da falência quando o negócio dá para o torto, cobra juros altos e paga juros baixos, fecha balcões e obriga os clientes a fazer o trabalho pelo qual antes pagava aos seus funcionários e ainda lhes cobra por isso. De refereir que no âmbito de sacar dinheiro ao próximo por tudo e por nada, manifesta uma capacidade imaginativa fora do vulgar para inventar comissões só superada pela imaginação do PS a criar taxas quando está no governo. Com a diferença que este partido, quando na oposição, revela igual imaginação a acabar com elas e os bancos não acabam com nenhuma mesmo quando têm lucros extravagantes, chamemos-lhe assim.

Sempre na busca da evolução permanente a banca pretende ser agora mais inclusiva. Seja lá isso o que for. No caso a inovação tem a ver com a criação de agências “pet-friendly”. Ou seja daquelas onde os clientes podem entrar com os seus bichinhos de estimação. O que me parece bem. Há que acabar com a limitação de acesso a qualquer lugar em função do número de patas. Não sei como anda aquilo do crédito mal parado, mas perante este cenário nunca a expressão “vou ali ferrar o cão” foi tão apropriada.

Aturem-me!

Kruzes Kanhoto, 26.06.24

Raro é o dia em que alguém não me questiona se já estou aposentado. Outras variantes da questão, igualmente frequentes, são se ainda estou a trabalhar ou quando é que me reformo. Pois que não sei. Um ano destes, talvez. Num futuro mais ou menos distante, quiçá. É que, para o bem e para o mal, não faço parte daquela geração de funcionários públicos que se aposentaram com trinta e seis anos de serviço e sem cortes. Melhor do que isso. Muitos foram promovidos dois ou três meses antes de se reformarem e, dado que deixaram de ter descontos e a pensão era igual ao último salário, passaram até a auferir mais do que quando trabalhavam. Ainda bem para eles, mas isto não dá para todos. Só para alguns. Os que chegaram primeiro, no caso. No fundo é como dizia a minha avó, quem primeiro chega primeiro se avia.

Perante este cenário de corte permanente das reformas – as futuras, claro, que esse é um corte indolor no presente e que apenas provoca uma perspectiva de maleita futura – não faço a mais pequena ideia quando atingirei a condição de aposentado. Se os direitos adquiridos fossem para todos já levaria sete anos de reforma. Assim, se calhar, terão de me continuar a aturar outros tantos porque, já estou como o outro, quanto mais trabalho mais tempo falta para me reformar. Ninguém merece. Nem eu, nem quem tem de me aturar.

Esquemas manhosos

Kruzes Kanhoto, 23.06.24

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Sempre ouvi o meu pai dizer que quem guarda o que não presta encontra o que precisa. Não sigo muito essa máxima pelo que, em consequência disso, já me aconteceu em variadas circunstâncias deitar fora um objecto e daí por uns tempos ter de comprar algo igual ou semelhante para resolver uma situação em que a peça jogada no lixo teria servido na perfeição. Apesar disso – e porque é impossível guardar tudo - estou a tentar livrar-me de muita coisa, tentando a sua venda através do Marketplace.

Este post, contudo, não tem a ver com a utilidade presente ou vindoura da tralha que vamos acumulando. Tem, antes, a ver com os burlões que enxamerdeiam – mesmo não existindo parece-me uma palavra adequada – as redes sociais. São, na maior parte dos casos, estrangeiros com perfis falsos que a cada anúncio publicado me invadem o Messenger com propostas quase irrecusáveis de aquisição do item. Inclusivamente oferecendo um valor superior ao pedido. Por norma ignoro, mas já mantive com gente desta diálogos de elevada comicidade. Não foi o caso deste último que, vá lá perceber-se porquê, não aceitou a minha generosa contra-proposta.

Se eu dissesse que concordava com a oferta a criatura iria pedir os dados que, na resposta, lhe pedi. Já, noutras tentativas de burla, tentei enrolar a conversa no sentido de perceber o que fariam com os elementos que eventualmente lhe forneceria. Não obtive sucesso, mas dado que não me pediram dinheiro – ou pelo menos não chegámos a essa fase – continuo sem saber como se consuma o crime. Para além da rudimentar recolha de dados pessoais e eventual utilização em trafico ou “clonagem” de identidades, alguém tem ideia de como funciona este esquema?

Café chei(r)o.

Kruzes Kanhoto, 18.06.24

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Ainda sou do tempo em que pedíamos um café, uma bica, um cimbalino ou lá o que lhe quiséssemos chamar e traziam-nos uma chávena cheia da saborosa bebida. Quem não apreciava a “baldada” e preferia uma quantidade mais pequena de café pedia uma italiana. Fácil, eficiente e toda a gente se entendia. Agora não. Para conseguir beber um café normal tenho sempre de realçar que quero “cheio” e mesmo assim vem, digamos, ali a três quartos. Se nada disser trazem-me uma chávena com uma gotícula no fundo que faz menos volume do que as moedas – se colocadas na horizontal - necessárias para a pagar. Deve ser uma modernice qualquer. Uma mania pretensamente gourmet, ou assim. Ou para poupar na luz e na água, ou isso. É que no café já eles poupam muito com as misturas que fazem. Alegadamente, claro. 

Por estas e por outras prefiro cada vez mais beberricar o meu cafezinho em casa. Além de mais barato e de saber que ponho os beiços numa chávena limpa, não tenho de pagar quase um euro – ou mais, dependendo da espelunca – por uma quantidade de liquido preto de qualidade duvidosa que cabe numa carica virada ao contrário.

Barracadas

Kruzes Kanhoto, 17.06.24

Nas últimas semanas não tenho tido tempo nem para me coçar. O que é uma chatice. Por causa da comichão, nomeadamente. Coisas de porco capitalista, esta falta de vagar. Não estou por isso a par dos grandes temas noticiosos. Se é que os há, mas calculo que sim. Limito-me, assim de fugida, a ler as capas dos jornais. O que, convenhamos, me transmite uma ideia do país e do mundo que, receio, esteja muito longe da realidade.

Leio, por exemplo, na capa do Jornal de Noticias de Domingo que os imigrantes estão a encher o país de bebés. A ser verdade muita coisa mudou nestes dias. Quando eu ainda era um gajo informado os imigrantes enchiam algumas cidades de tendas. Mas, se calhar, isto está tudo ligado. E muitíssimo bem pensado, também. Eu é que não percebi para que é que eles queriam as tendas...

Eleições europeias

Kruzes Kanhoto, 15.06.24

Podem fazer o quiserem. Até ir buscar o pessoal a casa ou permitir o voto pelo telefone. Dá igual. O pessoal não quer saber. A Europa é uma realidade distante com que apenas alguns – nomeadamente autarcas e empreiteiros – se importam. Nem, sequer, os políticos à séria evidenciam especial empenho pelo tema. Basta atentar nos candidatos que os partidos escolhem para as listas. Desde rapazolas especializados em mandar bitaites a gajas que acham que ainda estão no secundário a concorrer para delegadas de turma. Ou, então, ex-lideres que as actuais estruturas directivas dos partidos querem mandar para bem longe, onde nunca mais vamos ouvir falar deles.

Os resultados foram os que se esperavam. Incluindo o do Chega e o da Iniciativa Liberal. O primeiro porque o candidato – lá está – tinha tanto jeito para aquilo quanto eu e, também, porque o balão já encheu o que tinha a encher. Já os liberais ganharam por nestas eleições não existir aquela coisa do voto útil. Nas próximas voltam ao normal.

Os festejos é que me pareceram demasiado exagerados. Nomeadamente por parte da CDU e do BE. Festejaram o quê, ao certo? Terem perdido apenas metade dos deputados que tinham anteriormente? Parece-me tão estúpido como se os benfiquistas fossem para o Marquês festejar o segundo lugar no campeonato por, apesar, disso, conseguirem o acesso à liga dos campeões e respectivos milhões.

Figuras tristes

Kruzes Kanhoto, 09.06.24

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O que levará um idiota qualquer a escrevinhar por todo o lado? A estupidez inata de que foi generosamente dotado à nascença ou que foi sendo adquirida ao longo dos anos – possivelmente ainda poucos – e que não terá sido contrariada por uma educação adequada transmitida pelos progenitores, certamente. Outra coisa não estou a ver que possa ser. Aquilo dá despesa, trabalho e ocupa tempo que podia ser ocupado a fazer outras cenas mais interessantes. Mesmo para um jovem. E alternativas não faltam. A maior parte muito mais apelativas e que não envolvem fazer figuras tristes.

Em politica o que parece é...

Kruzes Kanhoto, 06.06.24

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Do mais desinteressante que há, estas eleições para o parlamento europeu. Uns malucos acham que os direitos das mulheres estão em perigo – quais direitos e de que mulheres, convinha esclarecer – outros doidos varridos apostam em teorias da conspiração que vão para além da indigência mental e os alucinados do costume continuam a alucinar como sempre. A sorte é que, relativamente aos últimos, será quase de certeza a última eleição em que ainda fazem parte da primeira liga. Para a próxima já estarão na liga dos últimos. Ou dos pequeninos.

Com mais interesse está a política nacional. Não se sabe muito bem quem governa, constituem-se as coligações mais improváveis e atira-se dinheiro para cima dos problemas como se o guito estivesse a nascer das árvores. Daí que não me pareça mera coincidência o conteúdo da minha caixa do correio. É, antes, sintomático. O PS e o Chega, para além de partilharem os mesmos objectivos politicos, partilham igualmente o mesmo distribuidor de propaganda. Diria até, aproveitando a publicidade da óptica que vinha junta, que aqueles dois partidos são o reflexo um do outro e têm ambos o mesmo foco.

Eles comem tudo...eles comem tudo!

Kruzes Kanhoto, 05.06.24

Diz que os portugueses nunca tiveram tanto dinheiro em depósitos a prazo como agora. Apesar dessa coisa da crise, ou lá o que é. Serão, ao todo, 183.2 mil milhões de euros. É muita massa. No entanto, para quem usa esse mecanismo de poupança, o ganho não é significativo. Assim numas contas rápidas e básicas digamos que a remuneração média será de 2.5% ao ano. O que se traduzirá em 4.58 mil milhões em juros pagos pelos bancos aos depositantes dos quais o Estado vai sacar 1.29 mil milhões de euros. Um terço, quase. Ora atendendo a que, depois do saque fiscal, a taxa de juro líquida cifra-se em 1.8% e a inflação anda pelos 3.5% está-se mesmo a ver quem é que ganha com este negócio. A banca e o Estado, que nem um nem outro estão cá para perderem. Ou, como dizia a minha avó, junta-se a fome com a vontade de comer. E, estes dois, comem que se fartam. Mas, como quem o alimenta não reclama, deve estar tudo bem. Desconfio, até, que para os invejosos do costume se calhar ainda podiam taxar mais, que isto há desgraçados para tudo.

Vá lá. Consegui escrever este texto sem usar a palavra roubo, que é a primeira que me ocorre quando penso no IRS, mas não quero ofender os profissionais do gamanço que, perante tal apropriação do dinheiro alheio, não passam de reles amadores na arte se surripiar o graveto ao próximo.

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