Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Cuidadinho com a língua

Kruzes Kanhoto, 30.11.23

A malta lá do parlamento tem feito sucessivas tentativas para criminalizar o chamado discurso de ódio. Para combater a discriminação, justificam. Embora, como facilmente se percebe, a ideia seja restaurar a censura. A do bem, obviamente. Que isto de ter tento na língua é muito bonito e a esquerdalha aprecia, desde que concordemos com as parvoíces que propagandeia.

Ao que parece, desta vez pretendia-se ir ainda mais longe e alargar o conceito do discurso de ódio ao debate político e ideológico. Felizmente a proposta terá caído. Por enquanto. Deve estar a ser difícil encontrar uma maneira de criminalizar quem afirme que o “socialismo é doença mental”, sem fazer o mesmo a quem diga que os “tipos do Chega são doentes mentais”. Vai ser uma chatice criar o Ministério da Verdade num país onde até a língua é muito traiçoeira.

Preferia o tempo da "declaração amigável"...

Kruzes Kanhoto, 28.11.23

Parque de estacionamento de uma superfície comercial cá do sitio. Dezoito horas, hora local. Um carro – um chasso, melhor dizendo – pára na faixa de circulação e o condutor olha em volta à procura de um lugar para estacionar. Atrás, outro condutor ao volante de outro chasso ainda mais chasso não trava a tempo e embate com estrondo na traseira do primeiro. Apesar do aparato não há estragos assinaláveis em nenhum dos chassos e, dos dois, apenas o condutor que bateu parece evidenciar alguma preocupação. Tanto assim é que o condutor da viatura abalroada arranca sem sequer se apear para verificar os danos e estaciona umas dezenas de metros depois. Trata-se de um casal de imigrantes de leste, que entretanto procura eventuais danos num para-choques que há uns trinta anos deve ter tido um aspecto aceitável. O segundo, o que bateu, logo que conseguiu estacionar dirige-se rapidamente aos primeiros: “Ó amigo, ó amigo, fui eu que bati...”. “ahhhh...sim”, resposta lacónica do homem enquanto a senhora saía rapidamente de cena em direcção à loja. “Pois”, continuou o azelha que bateu “mas você é que teve a culpa”. “Eu?!”, espanta-se o outro. “Sim”, garante aquele, “se não se tem metido à minha frente à má fila, ali na avenida do teatro, eu agora não lhe batia”. O imigrante encolheu os ombros, virou-lhe as costas e diz-me: “Viu? Maluco! Bateu-me e eu é que tenho culpa?! Maluco”. Tive de concordar. Estive quase tentado a explicar-lhe que este tipo de desculpa está muito em moda no nosso país. A culpa é sempre de qualquer coisa do passado. Mas não o fiz. Ele há-de habituar-se.

Condicionamentos

Kruzes Kanhoto, 27.11.23

Pela primeira vez desde que me lembro – e já me lembro de muita coisa, dada a minha provecta idade – o serviço de urgência cá da terra vai estar condicionado. Um bonito eufemismo, mas todos sabemos o que isso significa. Por enquanto, ao que parece, essa coisa do condicionamento será apenas no dia um de Dezembro. Menos mal que nessa data, como manda a tradição, o pessoal da região que costuma frequentar este serviço básico de urgência ruma em grande número em direcção a Badajoz.

Mesmo assim estou plenamente convicto que nessa ocasião soarão genuínas e sonoras grandoladas à porta do centro de saúde. A comissão de utentes – deve existir uma cena dessas, digo eu – tratará de organizar um ruidoso protesto, uma marcha lenta ou outra forma igualmente original de reclamar contra a degradação do SNS. Os órgãos autárquicos de todos os concelhos afectados não deixarão de manifestar o seu mais vivo repúdio e veemente protesto contra o abandono das suas populações. Ou então, não. Afinal, vendo bem, um dia passa depressa e não podemos, como dizia o outro, estar a pôr em causa o que tanto nos custou a conquistar. Nem, acrescento eu, as conquistas que ainda faltam. A culpa é do Passos e não se fala mais nisso. Ou do Cavaco, se preferirem.

Pantomineiros

Kruzes Kanhoto, 26.11.23

Depois de prometer contar todo o tempo de serviço aos professores, Luís Montenegro, provavelmente imbuído do espírito da Black Friday, prometeu fixar a reforma mínima em oitocentos e vinte euros. Não é que, quanto a esta segunda promessa, me pareça mal ou algo demasiado demagógico. Dado que neste país existem subsídios para tudo e mais um par de botas, até é coisa que se me afigura da mais elementar justiça distribuir também “algum” pelos pensionistas. No entanto, tal como acontece nas promoções da sexta-feira negra, o melhor é estar atento às letras miudinhas. Não vá lá estar escondido nas entrelinhas que a medida apenas se aplica a futuros pensionistas e que o direito à reforma apenas se atinge aos setenta e cinco anos de idade.

Entretanto o candidato melhor posicionado para liderar o PS já veio declarar a falta de credibilidade destas propostas. Concordo com o homem. Credibilidade à séria, daquela mesmo boa, é uma cena que apenas assiste ao partido que já foi chefiado por gajos como José Sócrates e António Costa e que, com elevada dose de probabilidade, vai ter em breve como líder um tipo com ar alucinado que foi secretário de Estado de Sócrates e ministro de Costa. Agora a sério. Por que raio é que esta gente reivindica para si o exclusivo da pantominice?

Nojo, nojo, nojo.

Kruzes Kanhoto, 25.11.23

Captura de ecrã de 2023-11-25 18-40-46.png

1 - Garantia em tempos um ilustre socialista, infelizmente já desaparecido, que “há muita falta de memória na política e nos políticos”. Também já não existem pessoas ilustres naquela área politica, mas isso é outra história. Ou não. Seja como for, agora que por convicção ou conveniência muitos socialistas se tornaram simpatizantes da extrema-esquerda, importa recordar-lhes qual era a posição do PS sobre o Vinte Cinco de Novembro. Talvez eles já não se lembrem que, em tempos, aquele partido foi o garante da liberdade e da democracia em Portugal.

2 - Até há pouco tempo achava piada ao temor que o Chega suscita a muita gente. Já não acho. Estou como o outro, mudei a percepção que tinha sobre o assunto. Hoje tenho receio que, num futuro provavelmente mais perto do que agora imaginamos, a opção de escolha para governar este país se limite apenas a dois partidos igualmente radicais e extremistas. O PS e o Chega. O primeiro está a ser engolido pelos esquerdismo radical e o segundo a engolir a direita moderada.

Captura de ecrã de 2023-11-25 19-22-54.png

3 - A capa de hoje do “Record” é tudo menos inocente. Um nojo. Felizmente há muitos anos que não compro tal pasquim nem, enquanto me lembrar de tamanha javardice, voltarei a comprar. Tão pouco tornarei a visitar o site daquele monte de merda sob a forma de jornal, debaixo do qual está uma toca de lagartos esquerdalhos.

Jornalismo incendiário

Kruzes Kanhoto, 24.11.23

IMG_20231124_120945.jpg

 

A linha que separa a propaganda da informação é cada vez mais ténue. De tal forma que os órgãos de comunicação social já nem sequer se inibem de, em lugar de informar com isenção e rigor, propagandear as mais variadas causas promovidas por uma parte da sociedade mais desmiolada que convencionamos chamar esquerda. Pior ainda quando a manipulação da informação é praticada por entidades controladas ou de propriedade do Estado. Ou, dito de outra forma, quando pagamos para nos aldrabarem.

É o caso da agência Lusa que classifica os distúrbios ocorridos em Dublin, na sequência de mais um ataque terrorista em que foram esfaqueadas cinco pessoas por um invasor muçulmano, como obra de “marginais de extrema-direita”. Pode ser que sim. Contudo tal rigor noticioso não é aplicado noutras circunstâncias, nomeadamente quando se trata das causas fofinhas. Nesse caso são, invariavelmente, os activistas que protestam, pessoas que que se manifestam, militantes por isto e por aquilo ou defensores dos direitos seja do que for.

Divulgar notícias com este conteúdo não é, seguramente, jornalismo. É propaganda. E da piorzinha, porque produz o efeito contrário ao pretendido. Não sou eu que o digo. São os resultados eleitorais nas mais variadas latitudes onde se insiste nesta prática pouco inteligente.

Realidade é o que a cartilha ditar

Kruzes Kanhoto, 22.11.23

Screenshot_2023-11-22-0o.mobile.android.newsstand.

Uns dias sem prestar a devida atenção às noticias e um gajo fica completamente desactualizado. É que isto a realidade muda cada vez mais depressa e até mesmo o passado está a tornar-se demasiado imprevisível. Veja-se, por exemplo, o caso do IUC. Proclamava ainda há pouco um cavalheiro, num canal de TV, que o PS nos livrou de um aumento escandaloso daquele imposto. Uma atroz injustiça social, um verdadeiro assalto aos bolsos do portugueses, até, que alguém - vá lá saber-se quem, acrescento eu – se preparava para perpetrar.

Falava-se também de uma catadupa de apoios sociais que a direita se prepara para cortar mal chegue ao governo e dos aumentos generosos de reformas e vencimentos, que têm sido a prática corrente dos últimos seis anos, que levarão igualmente a inevitável tesourada quando os fascistas mandarem nisto. Uuuuhhhh, tenham medo, tenham muito medo. 

Perante isto, para além de visivelmente impressionado com o nível de “tranbalazanice” evidenciado pelos cartilheiros da organização mafiosa instalada no poder, estou assustadíssimo. As minhas perninhas tremem quase tanto como tremeram as dos banqueiros alemães quando ouviram o próximo capo e futuro querido líder delirar acerca da possibilidade do país deixar de pagar a divida externa.

Entretanto a imprensa fala de uma nova taxa. Dois por cento a mais na conta da luz para ajudar os desgraçadinhos a ter electricidade mais barata. Hoje. Amanhã o PS salva-nos de mais esta roubalheira. Quem é amiguinho, quem é?

Artista ou artola?

Kruzes Kanhoto, 20.11.23

1700516533961.jpg

Os contentores do lixo ou os ecopontos espalhados pela cidade podem, por vezes, não apresentar um aspecto particularmente convidativo à sua utilização, mas são em número mais do que suficiente e estão estrategicamente colocados de modo a que não seja necessário percorrer uma distância demasiado longa mesmo para aqueles que têm dificuldades de locomoção. Daí que não é pelo facto dos chafarizes estarem tristemente vazios que devemos enche-los com os objectos de que nos queremos desfazer. Mas não. Há quem tenha gosto em conspurcar. Ou, então, é arte urbana, ou isso. Assim uma coisa modernaça para valorizar o património e eu, inculto confesso, é que não percebi. 

Não telefone, vá...

Kruzes Kanhoto, 19.11.23

IMG_20231119_213736.jpg

Provavelmente já não serão muitos os que se recordam de Luís Montenegro, em dois mil e quinze quando ainda era líder parlamentar do PSD, ter proclamado que embora os portugueses vivessem pior o país estava melhor. Ou algo parecido. Na altura a esquerda aproveitou a frase para fazer a algazarra em que é costumeira. E bem, porque a alegada melhoria do país não se notava nas nossas carteiras. Hoje, por comparação com aquela época, os portugueses estão melhor, mas o país está muito pior sem que isso aflija muito a canhota. Ou a sinistra, como muito a propósito se diz em italiano.

De facto hoje quase todos têm mais dinheiro na carteira. Até pode valer o mesmo, mas ver um número maior de notas provoca sempre – ainda que injustificado - algum entusiasmo. Já o país está incomparavelmente pior. Os serviços públicos, nomeadamente, estão uma “desgrácia”. Por estes dias necessitei de ligar para a urgência de um hospital da região. Após duas horas a ouvir “a sua chamada é importante para nós, por favor aguarde”, a ligação foi interrompida por algum automatismo, de lá ou do meu telefone. Da segunda tentativa, ao fim de trinta ou quarenta minutos, lá me atenderam. Para me dizerem que, sete ou oito horas depois de ter entrado, o doente de quem procurava informações ainda não tinha sido atendido por um médico nem, sequer, sabia quando seria.

Nisto da saúde os propagandistas da esquerdalha encontram nomes para tudo o que lhes convém. O ministro da saúde do tempo do Passos – esse patife – era o “doutor morte”, apesar de nesse tempo o estado dos cuidados de saúde serem de excelência quando comparados com a verdadeira tragédia que são hoje. Também repetem, na falta de melhores argumentos para justificar o injustificável, que o socialista António Arnaut foi o “pai” do SNS. Uma paternidade unanimemente reconhecida, diga-se. Mas, por outro lado, recusam reconhecer que Marta Temido foi a “coveira”. Pelo contrário, até lhe vislumbram qualidades para, num futuro não muito distante, ser uma putativa candidata a líder do PS. Vendo bem é uma boa escolha. Apesar do esforço que têm feito nesse sentido ainda há muito para destruir. Capacidade para isso já ela mostrou sobejamente.

Azeitonas da crise

Kruzes Kanhoto, 17.11.23

azeitonas.jpg

Dado o elevado preço a que está ser paga, comparativamente a anos anteriores, suspeito que este ano não ficará muita azeitona por apanhar. Até as oliveiras que estão no espaço público - e que, portanto, são simultaneamente de todos e não são de ninguém - estão a ser apanhadas. Antes isso que as azeitonas ficarem para ali a estragarem-se.

Esta, proveniente do olival da família, não vai para o lagar. Fica cá por casa. Servirá para usos culinários, mordiscar nos entrementes ou acompanhar uma açorda. Se chegar para tanto...

Pág. 1/2